É preciso plantar antes de colher. O velho ditado é especialmente verdadeiro no caso das empresas petrolíferas, que têm de investir bilhões em pesquisas e equipamentos pesados antes mesmo de começar a extrair o ouro negro das entranhas da terra. A semeadura, no entanto, está saindo cara para a HRT. A empresa não conseguiu cumprir o cronograma que previa para 2011 o início da extração de óleo e gás dos seus blocos na Bacia do Solimões, no Amazonas. Resultado: um prejuízo de R$ 304 milhões. Boa parte desse resultado negativo se deveu a investimentos como os R$ 320 milhões usados para a compra de helicópteros, veículos e equipamentos empregados para as pesquisas exploratórias na região. 

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Na selva: exploração na Amazônia consumiu R$ 320 milhões no ano passado.

 

Como parte do processo de apertar o cinto, também demitiu 90 funcionários. Para sair do fundo do poço, a empresa aposta em um local situado a um oceano de distância. “A Namíbia será de onde virá a maior parte de nossa produção”, afirmou na semana passada o presidente da holding, Marcio Mello, líder do grupo de antigos engenheiros da Petrobras que fundou a empresa. A HRT detém 12 blocos offshore nas bacias de Walvis e Orange. Os números dão respaldo ao otimismo: uma projeção apontou que os campos possuem reservas de óleo estimadas em 4,87 bilhões de barris, quantidade 13 vezes maior que os 357 milhões de barris do Solimões. Para explorar os blocos na Namíbia, a HRT vai vender uma parte dos direitos de concessão até a metade do ano, a exemplo do que já fez com seus poços no Amazonas.  

 

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Mello, presidente: de olho em reservas de 4,8 bilhões de barris.

 

Em 2011, a anglo-russa TNK-BP comprou 45% dos direitos, por US$ 1 bilhão. A expectativa é iniciar as perfurações ainda em 2012. O desafio da HRT será começar a produzir antes de vencer seu prazo de concessão na Namíbia, que vai até 2015, ou então prorrogar a licença junto ao governo local. A chegada de um novo sócio deve representar uma queda no risco do negócio e solucionar a necessidade de investimentos. A HRT abriu seu capital em outubro de 2010 e chegou a ter ações cotadas a R$ 2,2 mil, mas perdeu fôlego na bolsa, diante das dificuldades em iniciar a extração e do baixo potencial de algumas descobertas no Solimões. Desde janeiro, já houve uma recuperação, para o patamar de R$ 680.  

 

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