Para dar vida ao Capitão América, um dos mais famosos super-heróis da Marvel, o ator americano Chris Evans teve de aprender a manusear armas, a desferir golpes de caratê e, acima de tudo, se equilibrar sobre uma estilosa Harley-Davidson 1942. Presença constante em produções de Hollywood, as motocicletas da marca passaram a ser cultuadas como ícones de aventura e liberdade. A exemplo das lutas protagonizadas por Evans no filme produzido pela Paramount, a montadora americana, que faturou US$ 4,9 bilhões em 2010, também vem travando diversas batalhas. Especialmente no Brasil. Aqui, a primeira delas se deu na Justiça, quando entrou com processo para se divorciar do antigo parceiro, o grupo Izzo, de São Paulo, que representou a marca por 17 anos. Vencido esse confronto, era hora de acelerar para remontar a rede de concessionárias, que, da noite para o dia, caiu de dez para zero, quando a matriz assumiu o controle da operação em fevereiro. Passados sete meses, ela já exibe algumas vitórias e, pelo menos, uma derrapada. 

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Queixas: Morawski aposta na parceria com a Penske Logistics para resolver problemas com a distribuição de peças

No fim de setembro, foi inaugurada, no Recreio, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, a oitava revenda da marca de motocicleta. Mais duas serão abertas até dezembro deste ano. No fim de 2013, a meta é contar com 50 pontos de venda no Brasil. Como cada loja custa cerca de R$ 5 milhões, o investimento total pode atingir R$ 250 milhões no período. “O Brasil é o segundo mercado no qual a companhia mais investe neste momento em todo o mundo”, diz Longino Morawski, diretor-superintendente comercial da Harley-Davidson. Prova disso, segundo ele, foi a decisão de construir uma fábrica, novinha em folha, em substituição à antiga, operada nos tempos da parceria com o grupo Izzo. A unidade terá capacidade de produzir até dez mil motos por ano a partir de 2012, o dobro da atual. Essa iniciativa é vital para viabilizar a estratégia traçada por Morawski, que aposta em um portfólio verde-amarelo brasuca, deixando a importação para modelos premium, como a Ultra Classic Electra Glide, vendida por R$ 105 mil.  

Apesar disso, a Harley-Davidson ainda tem uma longa estrada a percorrer no País. É que a lista de consumidores insatisfeitos continua grande. Em sites especializados em defesa do consumidor, como o Reclame Aqui, diversos clientes se dizem abandonados pela companhia, especialmente na hora de comprar peças de reposição. Por vezes, elas levam até 120 dias para ser entregues. O dirigente reconhece os problemas e alega que vem procurando acertar o passo. A principal medida nessa área foi a construção de um Centro de Distribuição às margens do Rodoanel Metropolitano de São Paulo, no município de Cajamar. Além disso, foi contratada a compatriota Penske Logistics para cuidar da armazenagem e distribuição das peças para a rede de concessionários. Hoje, o estoque conta com oito mil itens, de acordo com Morawski. Desde que assumiu o controle da marca, a Harley-Davidson vem procurando estreitar os laços com clientes. 

 

As pesquisas mostraram que uma das demandas era o encurtamento do tempo entre o lançamento de uma motocicleta nos EUA e sua chegada por aqui. Na última edição do Salão Duas Rodas, realizado em São Paulo, no início de outubro, a companhia montou um estande de mil metros quadrados. Ali, foram apresentados oito modelos inéditos no Brasil, sendo que dois deles são lançamentos globais.  Em novembro, será a vez de incluir o País, mais precisamente o Rio de Janeiro, no calendário de eventos internacionais. A expectativa é de que o Rio Harley Days reúna, na Marina da Glória, 30 mil pessoas interessadas em fazer uma imersão na cultura Harley. “Queremos recuperar o terreno pouco a pouco, mas de maneira consistente”, afirma Morawski. 

 

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Colaborou Érica Polo