Há quatro anos, o consumidor que estivesse interessado em comprar um modelo da americana General Motors (GM) tinha como opções apenas veículos defasados. O seu carro mais novo, na época, era a terceira geração do Vectra, que começou a rodar nas estradas brasileiras em 2005. Curiosamente, o horizonte da subsidiária brasileira só começou a melhorar em 2008, justamente na época em que a montadora quase foi à falência por conta da crise mundial. Em meio ao furacão econômico, a operação local anunciou um plano de investimento de R$ 5 bilhões, que seriam empregados, prioritariamente, na renovação de seus produtos entre 2008 e 2012. 

 

 

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Direção ofensiva: desde que assumiu a GM do Brasil, em junho de 2011, Grace Lieblein

já lançou cinco modelos.

 

Agora, o cliente que entrar em uma concessionária GM encontrará 18 modelos, sendo que mais da metade deles foram lançados nos últimos dois anos. O mais recente é o compacto Sonic. A partir de junho, ele passará a integrar o time de novatos, que nos últimos nove meses foi reforçado pelos sedãs Cruze e Cobalt e pela nova picape S10, todos apresentados desde que a americana Grace Lieblein assumiu o comando da operação brasileira. A atualização da linha de veículos, no entanto, ainda não repercutiu positivamente sobre os boletins de vendas. A marca se manteve na terceira posição do mercado atrás de Fiat e Volkswagen. Como suas rivais, a montadora baseada em São Caetano do Sul, no ABC paulista, também perdeu participação entre 2008 e 2011, diminuindo sua fatia em 2,1 pontos percentuais. 

 

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Marcos Munhoz, vice-presidente: “O Sonic entrará no segmento

de compactos premium, no qual ainda não atuávamos”.

 

Isso não significa, no entanto, que as novidades não surtiram efeito. Em janeiro deste ano, por exemplo, a GM surpreendeu ao fechar o mês como a marca mais vendida do Brasil, uma posição que não ocupava desde 2004. O salto foi impulsionado pelas vendas do Cobalt, que substituiu o Astra e teve 5,9 mil unidades vendidas na ocasião. A expectativa da GM é vender por mês 1,2 mil unidades do Sonic nas versões hatch e sedã. Ele será inicialmente importado da Coreia do Sul até que comece a ser fabricado no México, ainda neste ano. “O Sonic entrará em no segmento de compactos premium, no qual ainda não atuávamos”, afirma Marcos Munhoz, vice-presidente da GM. “Agora só estamos de fora de uma categoria.” 

 

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Sonic: a marca estima vender 1,2 mil unidades mensais do novo compacto.

 

Um nicho ainda não explorado pela montadora é o de SUVs urbanos, que tem como líder o Ford EcoSport com 38,5 mil unidades vendidas em 2011. “É um desperdício não ter um veículo aventureiro urbano em um mercado tão forte como o brasileiro”, afirmou a DINHEIRO um executivo da empresa. Para preencher esse vácuo, a companhia deverá lançar, até o final do ano, o Trax, um utilitário global que será vendido em 140 países. Outro modelo que já está prestes a chegar às concessionárias é a minivan de sete lugares Spin. Ela deverá aposentar os modelos Meriva e Zafira. “Para reduzir os custos, o desafio atual é criar carros globais que possam se adequar às necessidades de mercados específicos”, diz Paulo Petroni, sócio da consultoria americana PriceWaterhouseCoopers. 

 

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Trax: o modelo chegará ainda este ano para concorrer com o EcoSport.

 

A redução de custos parece mesmo estar na pauta da GM. Na semana passada, aumentaram os rumores de que ela e a PSA Peugeot Citroën vão construir uma fábrica em conjunto no Brasil. Oficialmente, as duas montadoras, que anunciaram uma aliança global em março deste ano, não comentam o assunto. “A lógica de construir uma única fábrica para as duas montadoras é criar veículos de volume que possam compartilhar o mesmo conjunto mecânico”, disse um ex-executivo da GM. “Tudo indica que seja um subcompacto.” A teoria faz sentido, ao se levar em conta que, ao contrário dos rivais, os dois grupos ainda não anunciaram o desenvolvimento de um carro de baixo custo.

 

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