28/01/2016 - 18:39
Não será possível observar a olhos nus, mas os céus do Rio de Janeiro receberão mais 1,5 milhão de toneladas adicionais de dióxido de carbono (CO2) durante os Jogos Olímpicos deste ano. Os gases poluentes serão emitidos pelo vaivém de aviões, pelos escapamentos dos carros e dos ônibus que levarão turistas à Cidade Maravilhosa, pela produção extra de alimentos, pelo maior consumo de energia elétrica, entre muitos outros exemplos. Mas não se sinta culpado. A Dow, gigante americana do setor químico, dona de um faturamento anual de US$ 60 bilhões, tem colocado em prática uma série de iniciativas para neutralizar todo CO2 gerado pelo evento.
“Já que não é possível realizar os jogos sem poluir, vamos capturar todo dióxido de carbono do torneio”, afirma Júlio Natalense, executivo da Dow responsável por toda implementação das operações de tecnologia e sustentabilidade para o Rio 2016. “A Olimpíada será um grande laboratório de novas tecnologias para a mitigação das emissões de CO2.” O plano da Dow, patrocinadora do Comitê Olímpico Internacional (COI) até 2020, é atacar em três frentes: na indústria, na construção civil e na agricultura. A principal iniciativa no campo industrial já ocorre dentro das fábricas da empresa. Um exemplo disso é a unidade de Aratu, na Bahia, que substituiu o gás pela biomassa de eucalipto das caldeiras que geram energia.
Na construção, a Dow está ampliando parcerias com construtoras para que sejam mais utilizados os telhados e as paredes com isolamento térmico a base de poliuretano, que reduz de 40% a 60% do consumo de energia pelos aparelhos de ar condicionado. Já no mundo do agronegócio, a empresa planeja recuperar 50 mil hectares de pastagens no Mato Grosso e difundir técnicas de agricultura de precisão – que reduz, por exemplo, o desperdício de fertilizantes. O posicionamento da Dow durante os jogos tende a contaminar outras empresas a adotar uma postura ambientalmente responsável, de acordo com especialistas.
“Na economia globalizada que vivemos hoje, não há espaço para empresas que não incorporam em sua cultura corporativa ações de redução dos impactos ambientais”, diz a superintendente de Sustentabilidade do Grupo Santander, Linda Murasawa. Embora a estratégia da Dow não proporcione o aumento imediato de suas vendas, a companhia estima que o fortalecimento de sua marca irá gerar US$ 1 bilhão em negócios adicionais em um período de dez anos. “Mesmo não sendo uma empresa de consumo, a Dow sabe que o reforço institucional e os novos negócios se converterão em retorno financeiro”, afirma Natalense.