Os buracos no caminho, ou melhor, nas contas, já ficaram para trás. Ao menos é o que demonstram os números do mercado brasileiro de transporte rodoviário de passageiros. Depois de amargar queda de 95% nas vendas de passagens nos primeiros meses da pandemia, em 2020, e de 57% em 2021, sob os efeitos da segunda onda da Covid-19, o setor mostra recuperação com índices superiores aos apresentados no período pré-crise sanitária. Apenas no primeiro semestre de 2022, houve crescimento de 124% nas vendas de bilhetes na comparação com o mesmo período do ano passado e de 162% em relação aos seis meses iniciais de 2019. “A demanda reprimida causada pelas restrições de circulação fez com que as pessoas ansiassem por viajar”, disse à DINHEIRO Phillip Klien, CEO da ClickBus. “Com isso, além da volta dos antigos passageiros, o modal atraiu uma parcela da população que não buscava ônibus para fazer turismo.”

Principal plataforma nacional de comercialização on-line de bilhetes rodoviários, a ClickBus soube pegar carona no crescimento do segmento nos últimos dois anos. “Tivemos uma aceleração brutal do digital.” Em 2019, cerca de 15% das passagens no Brasil eram vendidas on-line, percentual que hoje chega a 25%. E a empresa projeta crescimento de 90% nos negócios em 2022 na comparação a 2021, quando registrou o melhor ano de sua história com incremento de 83% na emissão de passagens e de 63% na geração de receita em relação a 2020, além de ter atingido a marca de R$ 1 bilhão de GMV bruto – soma dos valores transacionados em todas as unidades de negócios (OTA, White Label e Parceiros).

O executivo celebra os resultados e aponta a modernização dos ônibus, com a implantação de leito-cama, serviço de bordo e wi-fi, por exemplo, o aumento dos preços das passagens aéreas, além do custo elevado dos combustíveis, como aliados para o crescimento na procura pelas viagens rodoviárias. Apenas em 2022 a ClickBus notou alta de 275% na média diária de buscas no site, comparado a 2021. “Mais de 70% das compras na plataforma da ClickBus foram realizadas por novos usuários”, disse Klien, ao revelar que 53% dos passageiros trocaram os aviões pelos ônibus, inclusive com demanda de pessoas das classes A e B.

A expectativa agora é atrair também o cliente corporativo. A ideia é que a pessoa viaje a noite e durma confortavelmente em um ônibus durante a madrugada. Dessa maneira, irá economizar no trecho, com a passagem mais barata em relação à de avião e também na estadia. “De repente, a pessoa pode voltar ao ponto de origem no ônibus, de dia, com wi-fi e aproveitando para fazer ligações de trabalho, se necessário.”

A ClickBus tem parceria com 200 viações que ligam 4,8 mil destinos pelo País. A empresa já vive a efervescência da alta temporada, com as festas de fim de ano e as férias, para expandir os negócios. “Dezembro é o mês mais emblemático para a empresa, representando muitas vezes até 50% mais de venda de passagem em comparação com um mês comum.” A empresa mira também os feriados programados para 2023. Serão 12 nacionais com a possibilidade de ao menos sete se tornarem prolongados. Neste ano, foram 11, muitos deles celebrados em dias como quarta-feira, sábado e domingo.

Apesar dos atrativos, três a cada quatro passagens compradas no País ainda são adquiridas diretamente nas rodoviárias, o que se mostra um desafio para aplicativos ou sites, que apostam na facilidade, praticidade e preço para atrair os consumidores. No caso da ClickBus, a estratégia tem sido ofertar preços mais convidativos por meio do selo Click Oferta, página que traz descontos de até 60% nas passagens compradas na plataforma, principalmente para quem o faz de forma antecipada. “Constatamos que a taxa de antecipação subiu de dois para oito dias.” Um avanço, quilômetro a quilômetro, mas cada vez mais acelerado.