24/08/2011 - 21:00
O kaiser Guilherme II, o último imperador germânico, poucos antes do colapso da monarquia na Alemanha e diante da iminente derrota na Primeira Guerra Mundial, em 1918, afirmou que o país só seria uma potência quando soubesse equacionar sua recuperação econômica internamente, sem recorrer a conquistas além de suas fronteiras. Nos dias de hoje, com as economias europeias atadas pelo euro, sua tese seria facilmente derrubada. Para recuperar o vigor anterior à crise, os alemães precisam, literalmente, de seus vizinhos. No entanto, ao contrário do que ocorria no passado, em vez de invasões ou guerras, trata-se agora, num primeiro momento, justamente de ajudá-los a sair das dificuldades fiscais.
Erguei as mãos…: Sarkozy e Angela Merkel passaram a semana em busca de soluções à UE
Se conseguir, a Alemanha, principal economia da Europa, ainda pujante em comparação aos demais integrantes da zona do euro, evitará o derretimento da moeda, impedindo que o continente mergulhe em uma recessão sem precedentes. Neste ano, o país vai desembolsar um total de € 7 bilhões em compra de títulos da dívida grega. Mas o socorro financeiro, medida impopular entre os alemães, tem limite, e a chanceler Angela Merkel já sinalizou que não quer pagar a conta sozinha. Na última semana, ela se reuniu por horas a fio com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em Paris, para elaborar propostas que recoloquem a União Europeia nos eixos.
Entre as ideias levantadas por Angela e Sarkozy, estão a emissão de eurobônus, a taxação sobre transações financeiras e um monitoramento mais rigoroso dos gastos públicos. As propostas dos dois mandatários, a julgar pelo desmoronamento das bolsas durante toda a semana, ficaram abaixo da crítica. “As propostas, até agora, não passaram de teatro político”, disse à DINHEIRO o professor de políticas econômicas da Universidade de Munique, Bernd Hüber. “A saída para a crise será abandonar a unificação do padrão monetário entre os 17 países da zona do euro, que têm níveis de desenvolvimento distintos”.
George Soros: ”Se o euro se desintegrar, a crise bancária que fugirá ao controle”
O fim da moeda única no bloco europeu é hoje, indiscutivelmente, o maior receio no mundo todo. “O fracasso do euro será tão nocivo à economia global quanto o fim do dólar como padrão monetário mundial”, diz o economista Nadine Riedel, professor da Universidade Stuttgart-Hohenheim. Para o megainvestidor George Soros, o futuro do euro depende exclusivamente da Alemanha e não há alternativa ao país a não ser liderar a reforma econômica do continente. “Se o euro se desintegrasse, isso causaria uma crise bancária que fugiria ao controle”, afirma Soros.
De Stuttgart (Alemanha)