13/03/2013 - 21:00
A notícia da cura de uma menina de 2 anos infectada com o HIV, vírus causador da Aids, divulgada na semana passada, renovou a esperança de uma solução para a doença. A criança nasceu em um hospital rural no Estado do Mississippi, nos Estados Unidos, e seu tratamento com coquetel antiviral, começou 30 horas depois do parto. Ao final de um ano e meio de terapia, o bebê ficou dez meses sem tomar qualquer medicamento e, mesmo assim, os resultados dos exames indicaram uma inédita cura funcional da doença, quando o vírus deixa de se multiplicar. “Essa é uma prova de que o HIV pode ser potencialmente curável em crianças”, disse Deborah Persaud, pesquisadora da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, ao anunciar a descoberta, em Atlanta, no Estado da Geórgia.
Deborah Persaud, pesquisadora: ”é uma prova de que o HIV pode ser curável em crianças”
Embora o caso não tenha convencido a comunidade científica, que espera a publicação dos detalhes do estudo, o episódio marca o começo de um novo capítulo na indústria de combate ao vírus HIV. Esse mercado movimentou US$ 16,8 bilhões em 2011 e deverá chegar a US$ 22 bilhões até 2015, de acordo com a Unaids, programa da ONU focado em HIV. “Esse novo caso ressalta a necessidade de pesquisas, especialmente na área de diagnóstico precoce”, afirmou, em nota, Michel Sidibé, diretor da Unaids. Há 34 milhões de pessoas soropositivas no mundo, segundo dados da ONU. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou no ano passado R$ 1,2 bilhão no combate à Aids.
Desse valor, R$ 788 milhões foram destinados à compra de coquetéis de remédios utilizados no tratamento dos 230 mil brasileiros infectados com o HIV. “Esse tipo de medicamento transformou uma doença fatal em crônica”, afirma Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde. O restante foi destinado a ações de prevenção, exames e a distribuição de 500 milhões de preservativos. O governo federal é o maior comprador de camisinha do Brasil, um segmento que faturou R$ 2 bilhões em 2011, no País,segundo levantamento da consultoria americana Nielsen. Das 20 drogas que compõem o coquetel de remédios do SUS, oito são produzidas no País. O governo, no entanto, vem tentando aumentar esse número através de parcerias público-privadas entre fundações públicas e os laboratórios proprietários das patentes.