19/10/2011 - 21:00
Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, que começaram na sexta-feira 14, são um palco em que o Brasil ganha medalha como gente grande. Eles são também uma oportunidade para traduzir em números a ascensão ou a queda do esporte nacional. E mais: conferir na ponta do lápis qual o retorno do investimento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) com a delegação brasileira. Há oito anos, quando bateu o seu então recorde de medalhas no Pan-Americano de Santo Domingo, na República Dominicana, o Brasil gastou R$ 6 milhões e recrutou uma força formada por 485 atletas. O País ficou em quarto lugar na classificação geral e conquistou 29 medalhas de ouro. Feito o balanço, cada uma delas custou quase R$ 207 mil ou uma medalha para cada grupo de 17 atletas da delegação nacional. Para a atual edição, o Brasil enviou um esquadrão com 520 atletas.
Sonho dourado: cada medalha brasileira, como a do nadador Fernando Scherer,
custou R$ 207 mil no Pan de Santo Domingo, em 2003
Levando-se em conta apenas o número de medalhas por competidores, o Brasil terá que conquistar 31 discos dourados para repetir o desempenho de Santo Domingo. Não é possível ainda fazer a conta do custo de cada medalha, pois o COB não fechou o valor do investimento com o time brasileiro em Guadalajara. Sabe-se, no entanto, que os investimentos são superiores aos jogos da República Dominicana. “Não tenho bola de cristal, mas sinto que o nosso desempenho neste ano estará mais perto do Rio do que de Santo Domingo”, diz o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, chefe da missão brasileira em Guadalajara. Ele se refere ao Pan carioca em 2007, no qual o Brasil bateu novamente seu recorde de ouros. Foram 52. Mas, competindo em casa e com um recorde de 661 atletas inscritos, tudo fica mais barato e há boa chance de o número de medalhas não refletir o real estágio do esporte nacional na época.
Segundo Rajzman, o País gasta entre 20% e 30% do que os grandes do Primeiro Mundo desembolsam. “O que torna a nossa relação custo-medalha bem satisfatória.” Além dessa relação, o COB trabalha para diminuir o número de atletas necessários para a conquista de uma medalha. “O Brasil tem uma tradição muito grande em esportes coletivos, como futebol, vôlei e basquete”, afirma Rajzman. “É muita gente para ganhar uma medalha só.” Para mudar isso, o comitê não pretende abrir mão dos esportes que são preferência nacional, mas planeja direcionar mais atenção e investimento para esportes como natação, halterofilismo e ginástica.
Esquadrão: os 520 atletas da delegação brasileira têm a missão de melhorar o desempenho do País
Enviado especial a Guadalajara, México