Com oscilações menores do que o mercado de renda variável, a renda fixa sofreu solavancos em 2016. A mudança de governo e a nova equipe econômica fizeram o mercado precificar uma queda mais acelerada dos juros, o que não ocorreu. Em maio, Ilan Goldfajn assumiu o comando do Banco Central prevendo uma queda gradual da taxa Selic. Dito e feito. A taxa encolheu de 14,25% para 13,75% ao ano. Ainda assim, é uma das mais altas do mundo. Se, no começo de 2016, os títulos públicos pagavam de 15,5% a 16% ao ano, a tendência para 2017 é de uma remuneração mais modesta, mas, ainda assim, de dois dígitos.

Para o ano que vem, a previsão média de remuneração dos títulos públicos está, atualmente, entre 12,5% e 13%. Já para os títulos privados, a atual perspectiva é de entre 13% e 14%”, afirma Sandra Blanco, consultora da plataforma digital Órama. Apesar do cenário baixista, o mercado de renda fixa apresentou boas oportunidades para os investidores em 2016. “Fizemos uma leitura de que havia prêmio nas curvas de juros nominais, especialmente nos títulos públicos indexados à inflação”, diz Carlos André, diretor executivo da BB DTVM.

“Já os títulos privados tiveram uma trajetória mais conturbada, uma vez que entre o fim de 2015 e o primeiro semestre de 2016 houve uma intensa renegociação de dívidas das empresas e um número recorde de pedidos de recuperação judicial. Com isso, o spread das emissões privadas aumentou muito e os preços caíram, mas se recuperaram ao longo do segundo semestre.” Não por acaso, a estratégia de boa parte dos gestores dos fundos para proteger a rentabilidade incluiu os títulos do tesouro da série B, chamados de NTN-B, com vencimentos de médio e longo prazos, e cuja remuneração combina inflação e juros pré-fixados.

O IPCA, que mede a inflação oficial, pode fechar 2016 um pouco acima de 7%. “Isso pode beneficiar o investidor, pois poderia levar o Copom a optar por um corte maior da Selic, de meio ponto percentual na próxima reunião, em 22 de fevereiro. A expectativa é de um corte da taxa de juros de 2,5 pontos percentuais no ano que vem. Isso significa uma rentabilidade dois dígitos. “Ainda há muito espaço para o investidor capturar ganhos”, diz.

Carlos André, do BB, concorda com a consultora da Órama. “O mercado vem ganhando convicção de que a queda de juros deve se acentuar e a inflação, que está convergindo para a meta, pode deixar o BC mais confortável para intensificar o corte de juros”, diz André. Ele indica os títulos públicos com vencimentos até 2021, ou seja, de curto e médio prazo. Esse cenário de queda de juros também beneficia as empresas, que devem ter seu custo financeiro reduzido, o que pode estimular novas emissões de títulos privados.

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