É comum que as empresas com foco mais industrial fiquem por trás dos panos e não façam parte do conhecimento do cidadão comum, mas isso não impede que elas não sejam tão gigantes quanto as empresas de B2C. Esse é o caso da ABB, empresa suíça e sueca com base em Zürich, com faturamento em 2022 de US$ 29 bilhões, focada em soluções de robótica, eletrificação, automação e de acionamentos, motores e geradores, Indústria 4.0, digitalização e automação de indústria de processos. No Brasil desde 1912, com o fornecimento de sistemas de eletrificação do Bondinho do Pão de Açúcar, a empresa participou de alguns dos maiores projetos de infraestrutura do país e assumiu papel fundamental na modernização da indústria brasileira, com soluções de robótica, eletrificação, automação e de acionamentos, motores e geradores. O foco agora é ser um player importante de mais uma modernização na indústria brasileira, dessa vez difundindo a mobilidade elétrica brasileira e desenvolvendo combustíveis como hidrogênio verde no País. “Ajudamos nossos clientes a alcançarem mais eficiência produtiva, seja no consumo energético ou nos processos” disse à DINHEIRO Luciano Nassif, country holding officer e principal executivo à frente da ABB Brasil.

A eletromobilidade tomou os palcos do setor automotivo brasileiro a partir de 2012, que é quando a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) começou a contagem dos veículos. No ano inicial foram apenas 117 veículos emplacados e, no ano passado, a contagem chegou aos 49 mil ­– o maior salto foi de 2021 (34 mil) para 2022, contabilizando um aumento de 40%. No total são 135 mil vendidos até hoje no País. Por mais que ainda represente apenas 0,2% da frota atual de veículos no Brasil, pelo histórico, tem tudo para continuar crescendo. “É um movimento que está começando, mas é uma necessidade e estamos animados”, afirmou.

AFPDIGITALIZAÇÃO Com soluções que vão da indústria 4.0 a mobilidade elétrica, a ABB busca contribuir ainda mais com a modernização da cadeia no Brasil. (Crédito:AFP)

LIDERANÇA Um dos fatores mais importantes para esse crescimento é a expansão da infraestrutura para veículos elétricos, parte do negócio no qual a ABB é líder global. Superou no início deste ano a marca de vendas de 1 milhão de carregadores para Veículos Elétricos no mundo e, em 2021, lançou o carregador mais rápido do mundo, o Terra 360, que vem sendo instalado em vários projetos no mundo. O projeto realizado em colaboração com a Shell tem como objetivo instalar 500 mil pontos de carregamento globalmente até 2025 e 2,5 milhões até 2030 – no Brasil a multinacional suíço-sueca já comercializou mais de dois mil carregadores Terra AC e possui mais de 200 soluções DC (de carga rápida e ultrarrápida) instaladas em diversas aplicações. Além disso, é a pioneira na implantação da infraestrutura em rodovia multiprotocolos, em concessionárias de veículos, em frotas de caminhões e vans elétricas, redes de shopping centers entre outros. Hoje, todo o portfólio global da empresa está disponível no Brasil.

A forte atuação por aqui também rendeu no início de março uma parceria com o governo do Ceará para desenvolvimento de hidrogênio verde, tornando a companhia a principal parceira tecnológica no Complexo do Pecém. O hub para produção de hidrogênio verde contará com apoio da gigante com soluções digitais como a de gerenciamento de energia, seja ela uma fonte renovável solar, eólica, biomassa ou hídrica, além de equipamentos elétricos e retificadores. Outra solução em vista para o novo hub é a utilização de sistemas conectados ao Centro de Controle Remoto, instalados na sede da ABB em São Paulo, para gerar diagnósticos e relatórios técnicos periódicos. A adoção dessas tecnologias e procedimentos são passos necessários para otimizar as operações da planta. A intenção dos parceiros do Hub de Hidrogênio Verde é posicionar o Brasil como um produtor, exportador e distribuidor em escala global. “É uma grande oportunidade e o Brasil tem condições de implementar essa produção”, disse Nassif. Por trás da cortina, a ABB deve manter os planos e moldar o futuro da mobilidade elétrica no país, assim como continuar a contribuir para colocar o Brasil no mapa da energia verde e impulsionar a digitalização e automação do setor industrial local.