Vitimado por uma das maiores fraudes bancárias da história recente, o banco PanAmericano tornou-se, há alguns anos, sinônimo de má gestão. Depois de uma mudança forçada de controle, o banco – sob a administração do BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, desde 2011 – começa a mostrar sinais de recuperação. Os resultados do primeiro trimestre ainda não foram divulgados, mas a avaliação dos diretores é de que os números de 2013 mostrarão os primeiros indicadores positivos em muito tempo. “Investimos pesadamente em sistemas e na melhoria de processos”, diz José Acar Pedro, principal executivo do PanAmericano. 

 

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Pilotos no comando: Da esquerda para a direita, Sérgio Antonio Cipovicci, José Luiz Acar Pedro

e Vlademir Galastri: investimento pesado na melhoria de processos

 

“Vamos começar a colher os frutos em breve.” Em 2012, o banco optou por prosseguir em seu processo de limpeza das carteiras de empréstimos. O resultado foi uma queda de quase 50% no resultado bruto da intermediação financeira, que recuou de R$ 1 bilhão em 2011 para R$ 574 milhões no ano passado. Não por acaso, a última linha do balanço mostrou um amargo prejuízo de R$ 364,6 milhões. Agora, diz Acar, é hora de colher os frutos. A arrancada do banco vem se dando em várias frentes. Uma delas são os financiamentos imobiliários. Prestes a concluir seu processo de fusão com a Brazilian Finance and Real Estate, maior empresa privada brasileira ligada a financiamentos e securitização imobiliários, o banco prepara-se para ganhar mercado nessa área, com foco concentrado nos clientes que não são atendidos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). 

 

“Nossa meta é ampliar a originação de negócios”, diz Acar. O fato de um dos controladores do banco ser a Caixa Econômica Federal, que responde por 70% dos empréstimos imobiliários no País, garante o fornecimento de capital. Os imóveis, porém, não são o único alvo estratégico. Antes da crise que obrigou a troca de controle, o PanAmericano era um dos mais agressivos nos financiamentos automotivos e, como os demais bancos, amargou prejuízos pesados nessa área. Depois de sanear a carteira, lançando os empréstimos problemáticos como prejuízo, o banco voltou-se para um nicho de mercado visto com reservas pela concorrência, os empréstimos para a compra de motocicletas. 

 

A estratégia, aqui, mudou radicalmente. “Antes, financiávamos a compra das motocicletas em 48 prestações sem entrada, e atualmente exigimos uma entrada de 20% e nossos prazos são de 24 meses, no máximo”, diz Acar, que, ao lado de Sérgio Antonio Cipovicci e Vlademir Galastri, define a estratégia do banco. Essa nova estratégia reduziu drasticamente a produção. “Antes da crise, nós concedíamos 130 mil financiamentos por mês, e estávamos apenas entre os maiores do mercado, mas atualmente somos os líderes, mesmo tendo reduzido o número de concessões para 65 mil”, diz ele. “Isso permite reduzir os riscos na hora de emprestar.” 

 

Para chegar a esse ponto, foi preciso melhorar a tecnologia. “Analisamos dez mil pedidos de empréstimo por dia, e aprovamos apenas 1.800, o que garante a qualidade dos créditos.” Confere? Segundo o economista Roberto Troster, especializado no sistema bancário, parte dessa melhoria pode ser creditada à estatística. “Com o passar do tempo, os empréstimos problemáticos vão sendo lançados como perda, o que causa um prejuízo momentâneo, mas melhora a qualidade média da carteira”, diz Troster. Os investidores concordam. Nos últimos dois anos, as ações preferenciais do PanAmericano acumularam uma alta de 24,1%. No mesmo período, o índice Ifinanceiro, que concentra as ações de bancos, avançou 15,8%, ao passo que o Índice Bovespa amarga uma queda de 17,2%.

 

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