18/09/2015 - 8:38
Refazer um modelo de negócios que tinha sido deixado de lado é a estratégia da fabricante paulista de maquiagem Contém 1g para enfrentar a crise econômica. A empresa, que nasceu como uma perfumaria, em 1993, em São João da Boa Vista (SP), quer resgatar as suas origens de comércio de porta a porta. “Tínhamos descontinuado o processo há cinco anos, mas já voltamos a conversar com as antigas representantes”, afirma o empresário paranaense Rogério Rubini, fundador e presidente da Contém 1g, dona de um faturamento de R$ 152 milhões, no ano passado.
Segundo ele, a venda direta, que já chegou a representar 50% da receita, deve ser reativada no início de 2016. “Enxergamos o modelo de negócio com uma participação de 30% na receita, em até três anos”, diz. O abandono da venda direta, que ajudou a criar gigantes do setor, como Natura e Avon, aconteceu em 2010. Na época, a rede de lojas franqueadas crescia de forma acelerada e Rubini precisou optar por deixar o porta a porta de lado.
Atualmente, a Contém 1g possui 187 unidades espalhadas pelo País (cerca de 10% são próprias). “Vimos que as lojas, naquele momento, precisavam de uma atenção especial”, afirma o empresário. Agora, a ideia é retomar o corpo-a-corpo com os clientes, em suas residências e locais de trabalho. O número de vendedoras, no entanto, ainda não foi fechado. Tudo está sendo discutido detalhadamente, de acordo com o fundador, para evitar conflitos com os franqueados.
Uma providência nesse sentido foi a criação de um conselho de lojistas para discutir os próximos passos, inclusive o da volta do e-commerce, criado em 2012 e descontinuado no mesmo ano. A Contém 1g também está em busca de um sócio. A empresa contratou o banco Itaú BBA para prospectar investidores interessados na sua expansão, inclusive no exterior. A fabricante, que fechou as cinco lojas que mantinha no México, Espanha e Portugal, no começo da década passada, quer aproveitar a desvalorização do real para obter parte das receitas em dólar.
“É o momento certo para fazer a aposta, pois os produtos de beleza brasileiros passaram a ser reconhecidos internacionalmente”, diz Osvaldo Roberto Nieto, sócio-fundador da Baker Tilly, parceira da DINHEIRO no anuário AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. A América Latina aparece como o principal alvo. “O câmbio atual nos fez perder dinheiro por conta das matérias primas”, afirma Rubini, que prevê uma alta de 10% das vendas em 2015. “Mas, no fim, sei que sairemos ganhando com o dólar forte.”