Mário Draghi, o economista italiano que preside o Banco Central Europeu, permitiu que seus conterrâneos banqueiros soltassem um enorme suspiro de alívio na noite da quinta-feira 21, durante sua entrevista coletiva mensal. Draghi disse que seria “muito útil” se o governo italiano encontrasse uma maneira de socorrer os bancos, evitando vendas forçadas e prematuras de ativos. Essa bênção informal fez com que as ações de bancos italianos subissem 4,1% ao longo da quinta-feira. 

As declarações de Draghi vieram em boa hora. A surpreendente saída do Reino Unido da União Europeia tornou o dinheiro mais escasso, com a perspectiva de retração do mercado financeiro. E as próximas vítimas parecem ser os bancos italianos, os mais frágeis do Velho Continente, com e 360 bilhões em empréstimos vencidos. Pelas estimativas oficiais, cerca de 17% dos empréstimos concedidos são irrecuperáveis. Depois de quase duas décadas de economia sem crescimento, os devedores italianos não têm renda suficiente para honrar seus compromissos, quer estejam empregados ou não. E essa montanha de empréstimos não-pagos tornou-se uma carga insuportável para os bancos.

As vítimas já começam a aparecer. Na noite da terça-feira 19, as autoridades italianas liquidaram quatro bancos regionais de pequeno porte da região de Ferrara, no centro da Itália: CariChieti, Marche, Etruria e Cassa di Risparmio di Ferrara. A solução foi criar um “bad bank” que concentra os empréstimos incobráveis, e para poupar os correntistas. Em si, as instituições que quebraram eram irrelevantes. No entanto, se os problemas se multiplicarem, o resultado poderá ser uma terra mais arrasada que a via do Fórum Imperial, no centro de Roma. Apenas um dos bancos problemáticos, o Monte di Paschi di Siena poderia drenar todo o orçamento italiano se quebrasse. Considerado o mais antigo banco em atividade do mundo – começou como uma caixa de assistência no século 
XV – o Siena pode não chegar ao fim do ano.