Setenta milhões de brasileiros viajaram de avião em 2010, 23% mais que em 2009. É um recorde, mas poderia ser ainda mais se a competição fosse ferrenha como é na Europa ou nos Estados Unidos, onde as companhias de baixo custo derrubaram os preços.  A má notícia é que a compra da Webjet pela Gol por R$ 311 milhões, anunciada na sexta-feira 8, reduz as opções de baixo custo. Constantino de Oliveira Jr., presidente da Gol, disse que, se  a operação passar pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a marca Webjet deixa de existir. 

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Constantino Jr: a ideia é extinguir a marca Webjet depois de aprovada a fusão

Será um alívio para Constantino Jr. Em 2010 a Webjet avançou 64% frente a 2009. No mesmo período, a Gol cresceu 17%. “TAM e Gol, juntas,  perderam dez pontos percentuais de mercado devido a empresas como a Webjet e a Azul”, diz Felipe Queiroz, da Austin Rating. Por enquanto,  a compra não passa de um acordo entre as companhias. A Gol vai esquadrinhar as finanças da Webjet e pedir a aprovação das autoridades. Os céus prometem ser turbulentos.  

Antes de ser oficialmente informado da fusão, o presidente do Cade, Fernando Furlan, sugeriu um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro). Traduzindo, as empresas terão de operar em separado. Assim, nenhuma será prejudicada se a fusão não sair. “Estranhamos a notícia de descontinuação da marca Webjet sem que o Cade tenha sido consultado”, disse Furlan à DINHEIRO. 

 

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Na avaliação do conselheiro do Cade, Olavo Chinaglia, mais importante que a marca são os direitos de uso da pista e dos terminais de embarque, os slots. Ao incorporar as vagas da Webjet, a Gol eleva sua presença nos aeroportos e horários mais concorridos e rentáveis.  “Concentração de mercado ocorre no mundo inteiro, mas não significa preços obrigatoriamente mais altos”, afirma Constantino Jr. Aos senhores passageiros, por enquanto, só resta aguardar.

 

Colaborou Guilherme Queiroz, de Brasília