A preocupação com a infraestrutura da cidade do Rio de Janeiro para acomodar as milhares de pessoas, entre turistas e atletas, que virão para os Jogos Olímpicos ganhou mais um componente: esta será a Olimpíada mais conectada da história. Qualquer detalhe será transmitido para o mundo todo, em altíssima qualidade de imagem e som. Quem garante isso é a Cisco, empresa americana de equipamentos de telecomunicações, que acaba de concluir a instalação da infraestrutura de transmissão de dados e imagens do evento.

Os números são superlativos. A expectativa é de que 5 bilhões de pessoas assistam as disputas ao vivo pela televisão, ante 4,3 bilhões na Olimpíada de Londres, em 2012. Mas é na internet que o desafio aumenta. Serão 170 mil horas de conteúdo de vídeo online, quase o dobro das 100 mil horas geradas, ao todo, há quatro anos. O número de emissoras detentoras de direitos, 150, é quatro vezes maior do que o dos jogos passados, quando apenas 34 firmaram contrato.

A Cisco, parceira oficial do Comitê Olímpico Internacional, não revela o quanto foi investido no evento. Desde 2012, a empresa investiu cerca de R$ 1 bilhão no Brasil, montante que inclui, além dos Jogos Olímpicos, a construção de um centro de inovação, no Rio de Janeiro. Segundo Laércio Albuquerque, presidente da subsidiária brasileira, a exposição proporcionada pela Olimpíada já está compensando o trabalho. “Muitos clientes estão nos procurando para entender como vamos lidar com essa quantidade de informações”, afirma o executivo. “É um esforço que vale a pena.”

Segundo dados da consultoria IDC, o mercado de tecnologia da informação no Brasil deve crescer 3% este ano, movimentando quase US$ 60 bilhões. O porcentual é menor do que os 9% obtidos no ano passado, mas ainda assim maior do que a média mundial, de 2,4%. Os Jogos Olímpicos devem servir como vitrine não só para a área de vídeo, mas também para segmentos que tendem a apresentar crescimento nos próximos anos, como segurança da informação e o chamado big data, tecnologia que permite a análise de grandes quantidades de informações. Como legado, a Cisco espera deixar, também, sistemas que ajudem na administração da cidade.

A companhia instalou uma série de soluções na região do Porto Maravilha, próxima ao centro da cidade, que inclui bueiros inteligentes, que avisam quando estão cheios, rede de wifi e câmeras com sensores de áudio capazes de identificar barulhos de tiro, por exemplo, informando, inclusive, o tipo de arma utilizada. Para o presidente da CDURP, empresa municipal responsável pela administração da região portuária, Alberto Silva, a conectividade do evento vai sim mostrar coisas ruins da cidade. “Problemas existem, vivemos em um país com muita desigualdade”, afirma Silva. “Mas também serão mostradas as coisas boas do Rio.” O fato é que não será possível esconder muita coisa.