A BRF, uma das maiores companhias globais de alimentos e uma das mais importantes do Brasil, com sede em Itajaí (SC), iniciou em 2021 seu plano chamado Visão 2030, uma série de ações para alcançar R$ 100 bilhões de receita até o fim desta década. O caminho está traçado, as iniciativas estão sendo tiradas do papel e os resultados aparecem. O faturamento de 2019 foi de R$ 34,44 bilhões, o de 2020 de R$ 39,47 bilhões e o balanço do ano passado fechou em R$ 48,3 bilhões, com Ebitda de R$ 5,6 bilhões. Ótimos índices e as áreas de recursos humanos, inovação, responsabilidade social e governança corporativa renderam à BRF a conquista do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO 2022 na categoria Frigoríficos. “Nossa missão é construir uma empresa cada vez melhor: eficiente, moderna, responsável, sustentável e que crie e distribua valor para todos os seus stakeholders. É um desafio diário”, disse o CEO da BRF, Miguel Gularte, que assumiu o cargo em agosto, em substituição a Lorival Luz, que renunciou o posto.

Veterinário, o gaúcho Gularte era CEO da Marfrig, que se tornou a principal acionista da BRF, com 33,27% do controle, e seu fundador, Marcos Molina, assumiu a presidência do Conselho Administrativo da dona das marcas Sadia, Perdigão, Qualy e Banvit. Com esse movimento, o mercado passou a especular uma fusão entre as companhias, mas “a indicação não sinaliza intenção, neste momento”, disse a BRF em comunicado.

Miguel Gularte. Empresa: BRF. Cargo: CEO. Destaques da gestão: Investimento em inovação, com 234 produtos lançados, aquisições e expansão em negócios de Pet Food e proteínas alternativas. (Crédito:Divulgação)

Paralelamente aos agitados bastidores sobre o comando da empresa, a BRF seguiu com foco em construir uma companhia condizente com seu potencial e capacidade. Em 2021, foram investidos R$ 244 milhões em P&D, que geraram novos negócios, produtividade e diversificação de geografias. A inovação, inclusive, já responde por 7% da receita. Foram lançados 234 SKUs em escala global —sendo 87 no Brasil e o restante no segmento internacional, onde a companhia está presente em 127 países, com 300 mil clientes. São quase 100 mil colaboradores, 10 mil produtores integrados e uma base de aproximadamente 30 mil fornecedores, em um negócio com estrutura operacional de 44 plantas (38 delas no Brasil), 54 centros de distribuição globalmente e 17 escritórios fora do País.

Por aqui, os principais itens produzidos e comercializados são congelados, proteínas in natura, margarinas, frios, embutidos, vegetais, ingredientes. O ano passado foi marcado pela expansão dos negócios de ração animal, segmento em que a empresa era nanica e alcançou 10% de market share do mercado pet food ao adquirir duas companhias por meio da subsidiária BRF Pet: a Mogiana Alimentos e o Grupo Hercosul. O investimento nas compras girou em torno de R$ 1,35 bilhão. Também alavancou o segmento de proteínas alternativas, com a linha Sadia Veg&Tal e parceria com a Aleph Farms, startup israelense voltada para a produção de carne cultivada.

No total, foram investidos R$ 4,7 bilhões em novas aquisições, ampliação e modernização das unidades produtivas. Com isso, houve aumento de 30% da capacidade de produção de itens de alto valor agregado, como congelados e suínos. A oferta de ações (follow on) que culminou na captação de R$ 5,4 bilhões, contribuiu para esses investimentos e para os que estão sendo realizados em 2022.

Listada na B3 (Bolsa de Valores do Brasil) e na Bolsa de Nova York, a BRF começou 2021 com a resiliência de sua estrutura de governança colocada à prova. Em um ano marcado por desafios de mercado, macroeconômicos e sanitários, a empresa viu como positiva a finalização da investigação da Divisão de Execuções da Securities and Exchange Commission (SEC), que concluiu pela não recomendação de ações de execuções contra os negócios da companhia.