08/07/2016 - 20:00
Quando a história da música digital for contada, a Apple será protagonista dessa “biografia”. Afinal, o seu serviço iTunes, lançado em 2001, foi fundamental para retirar a indústria fonográfica do buraco que estava com a pirataria online. Mas com o passar do tempo, a empresa fundada por Steve Jobs, morto em 2011, foi desafinando e ficando para trás no mercado em que ela mesmo ajudou a criar. Uma das causas foi ficar abraçada por muitos anos ao download. Com isso, ela perdeu espaço para os serviços de música online, como o sueco Spotify e o francês Deezer.
Ao lançar o Apple Music, em junho de 2015, o CEO da Apple, Tim Cook, começou romper esta inércia. Em pouco tempo, conseguiu 15 milhões de assinantes pagos. É um desempenho e tanto para qualquer empresa. Mas não para a Apple. O Spotify, por exemplo, conta com 100 milhões de clientes, 30% deles pagos. Por essa razão, a empresa de Cupertino, na Califórnia, indica que vai partir para o ataque mais uma vez. Ela está negociando a compra do serviço rival Tidal, do rapper americano Jay Z, segundo informações do jornal econômico americano The Wall Street Journal.
O Tidal é um serviço de streaming com um acervo de 30 milhões de músicas e com 4,2 milhões de clientes pagos, que conta com vários atrativos interessantes para a Apple. Um deles é a presença de algumas estrelas pop que dão preferência ao serviço de música online. Os astros Mr. West, Rihanna e Beyoncé, mulher de Jay Z, divulgam suas canções com exclusividade por lá. Os artistas Kanie West e Madonna também mantêm fortes laços com a empresa. As músicas de Prince, morto em abril, só são encontradas na plataforma de Jay Z. “O Tidal tem um consumidor que está disposto a pagar mais por um serviço de música melhor”, diz Rob Enderle, analista da consultoria americana de tecnologia Enderle. “O sucesso da Apple está associado ao mesmo tipo de consumidor.”
Jay Z comprou o Tidal por US$ 56 milhões da sueca Aspiro, em março do ano passado. Ele deu pequenas participações para 19 cantores e bandas famosas, como forma de conseguir a simpatia de estrelas do show business. Não há uma versão gratuita e, por US$ 20, os clientes podem assinar um serviço com alta qualidade de som. São atributos que interessam à Apple, uma marca que busca inovação e exclusividade. Algo que ela perdeu na música digital, mas que pode recuperar com a compra do Tidal, caso a aquisição, de fato, saia do papel..