15/11/2018 - 19:00
Um grupo formado por mais de 200 economistas, analistas e especialistas de mercado resolveu se reunir com um propósito comum: apresentar saídas, alternativas e medidas para o futuro governo Bolsonaro. Convocados de maneira quase informal, por meio de mídias sociais, o bloco consolidou propostas que vão muito além de meras opiniões. Os participantes levaram quase um ano de trabalhos intensos para alcançar o resultado pretendido. O esforço conjunto não estava direcionado a esse ou aquele candidato especificamente, mas ao futuro mandatário, que deverá receber um relatório final em mãos.
O documento substancioso elaborado pelas centenas de mãos foi denominado “Carta Brasil” e traz ideias para 22 áreas da atividade econômica. Um dos líderes do movimento, o economista Cláudio Frischtak, diz que não se tratou de um trabalho de consenso, mas de convergência. O conjunto de diretrizes formuladas contou com a colaboração de nomes peso-pesados como o de Elena Landau (1), Bernard Appy (2), Alexandre Schwartsman (3), José Márcio Camargo (4), Octávio de Barros (5), Silvia Matos e Samuel Pessôa, dentre outros. Juntos, eles compõem o “crème de la crème” das cabeças pensantes brasileiras no campo econômico. E nada mais responsável do que ouvir o que eles têm a dizer.
O time escolheu o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), no Rio de Janeiro, para o lançamento na semana passada e o arrazoado apresentado ali traz decerto importantes contribuições. Além de questões candentes no campo do comércio exterior, mercado de trabalho, infraestrutura, educação, ciência, tecnologia e inovação, os especialistas abordam aspectos mais complexos da gestão fiscal e da eficiência do Estado. Tratam a fundo dos modelos de tributação e do pacto federativo, enfatizam a defesa da concorrência, as políticas de combate à pobreza e à desigualdade, sem deixar de destacar, naturalmente, a crise da Previdência. A segurança pública, o sistema penitenciário e a sustentabilidade ambiental também não ficaram de fora.
Praticamente todos os grandes desafios que estão postos ao presidente eleito e a sua equipe encontram respostas nesse verdadeiro compêndio de soluções. É louvável verificar o nascimento de iniciativas como essa, espontâneas, que visam, essencialmente, o bem comum e a retomada do País aos trilhos. O ponto de partida dessa obra, com 91 páginas, foi a reforma do Estado, vista unanimemente como essencial para dar sustentabilidade às contas públicas. O que se tem como conclusão: o Brasil vive uma encruzilhada, corre ainda o risco de embarcar em uma longa trajetória de estagnação, ou até de recessão, caso as reformas não sejam realizadas, e é preciso engajamento para a mudança desse roteiro. Mirando-se nesse exemplo, quem sabe, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo entrem em entendimento para juntos atenderem às expectativas de todos.