21/08/2015 - 20:00
Reeleita com uma das margens mais apertadas da história, a presidente Dilma Rousseff vem observando uma perda contínua de popularidade, neste ano. A aprovação do seu governo caiu para 9% em agosto, à frente apenas dos 7% registrados por José Sarney, em 1989, segundo os dados mais recentes do Datafolha. No dia 16, 879 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, foram às ruas de todo o País para externar a indignação com a atual gestão, no terceiro protesto desde o início do segundo mandato. Em sua maioria, pediam o impeachment de Dilma. Para além das predileções partidárias, o bolso dos brasileiros ajuda a fundamentar a coalizão dos inquietos: desemprego, juros e câmbio estão em alta, enquanto a renda cai. Pelas projeções dos analistas, serão ao menos dois anos de recessão. Entenda como os indicadores da economia se relacionam com o dissabor dos manifestantes que foram à Avenida Paulista, em São Paulo.
Fernando Partan, 27, internacionalista
“Vejo muita inflexibilidade por parte do governo na hora de tomar decisões. A crise atingiu a empresa que eu trabalhava, que fechou em janeiro. Estou desempregado desde então”
Mauro José, 43 anos, ambulante
“Eu votei na Dilma e não a perdoo. Estou trabalhando o dobro do que eu trabalhava e não estou conseguindo nem o que eu ganhava antes. Além disso, tudo aumentou”
Vivian Caraguelian, 25, cosmetóloga e sua mãe, Alicia Caraguelian (à esq.), 55, funcionária pública
“A empresa na qual eu trabalho tem sofrido com o aumento do dólar, pois todas as matérias-primas dos cosméticos são importadas. Por isso, houve diversas demissões”
Marcelo Almeida, 23 anos, administrador
“Está mais difícil conseguir crédito e os juros estão altos. Tentei abrir meu próprio negócio, mas mudei de ideia. Não dá para financiar como antes”
Marcelo e Lígia Oliveira, empresários
“Tivemos que demitir 10% dos funcionários da nossa floricultura. O número de contratos prestados diminuiu drasticamente, em mais de 30%”
José Eduardo Carmignani, 24, dentista
“A corrupção e falta de diálogo tiraram a governabilidade da presidente Dilma Rousseff. Sou dentista e, com a deterioração da economia, senti queda nos pacientes. De 2014 para este ano, a redução foi de 40%. As pessoas estão mais resistentes em investir em um tratamento dentário, pois não sabem o dia de amanhã”