Aos 11 anos, a americana Isabelle May fala sobre recomeçar um negócio como se tivesse a experiência de ser uma empreendedora. Por mais inusitado que pareça, ela tem propriedade para explicar seus erros e acertos. Com apenas 7 anos, montou um pequeno comércio. A jovem empresária, no entanto, fracassou. “Meu primeiro negócio foi voltado ao artesanato, mas não deu certo, pois meu custo era muito alto”, diz Isabelle. “Reformulei o projeto, investi US$ 200 e já obtive um retorno de US$ 3.000.”

Natural da cidade americana de Denver, ela descobriu seu lado empresarial no Young Americans Center for Financial Education, um banco criado exclusivamente para crianças e jovens de até 22 anos e sem fins lucrativos. Embora funcione como uma instituição financeira tradicional, com conta corrente, empréstimos, cartões de créditos, entre outros produtos, o diferencial está nos cursos de orientação financeira. Nenhum baixinho chega na boca do caixa e pede um financiamento sem receber orientações sobre a administração do dinheiro.

Isabelle, por exemplo, participou de um acampamento de verão, onde fez uma imersão no mundo das finanças com palestras sobre investimentos, aulas sobre empreendedorismo e dinâmicas de grupo sobre ideias de negócios. “Nosso principal objetivo é educar os jovens sobre vários aspectos de finanças pessoais”, diz Richard Martinez Jr., presidente do banco. “O futuro da nossa economia depende do sucesso de como vamos prepará-los para a vida adulta.”

Fundado em 1987 por Bill Daniels, conhecido nos Estados Unidos como o pai da TV a cabo e por ter sido co-proprietário do time de basquete Los Angeles Lakers, o banco Young Americans tem 79 mil correntistas ativos e diz ter ensinado mais de 678 mil jovens a lidar com suas finanças. Seu fundador projetou uma instituição que obrigasse crianças e jovens a adquirirem responsabilidade desde o início. O pequeno que abre uma conta é encaminhado para o chamado tutor financeiro, que tem a obrigação de explicar, passo a passo, ao jovem como administrar a conta e como lidar com todos os produtos.

Em caso de prejuízo, principalmente em situações extremas como calote, é o tutor que arca com a quantia. O cartão de crédito, por exemplo, tem limite de apenas US$ 100 e taxa de juros de 15% ao ano. Caso a criança opte por empréstimos, que em giram na média de US$ 2,5 mil, eles entram em um programa específico de empreendedorismo e negócios. “As crianças passam a pensar de forma organizada, assim como em grandes empresas”, diz o consultor financeiro Marcelo d’Agosto. Apesar da pouca idade dos correntistas, as lições parecem ser bem assimiladas pelos jovens. A taxa de inadimplência gira em torno de 1% dos cerca de 
US$ 100 milhões de emprestados pelo banco anualmente.

Com quase 30 anos de atividade, os planos de expansão da instituição são quase inexistentes. São apenas duas agências localizadas no estado do Colorado e uma terceira a ser aberta em 2017. Clientes de outras localidades, inclusive estrangeiros, são aceitos. “Com uma economia em constante mudança, nosso objetivo é orientar o maior número de crianças com experiências da vida real”, diz Martinez Jr. A jovem Isabelle conseguiu superar o fracasso do seu primeiro negócio. Hoje, ela vende objetos de artesanatos, como pingentes decorativos para chinelos, para lojas de varejo da sua região.