02/11/2011 - 21:00
Na iminência da queda de Orlando Silva do Ministério do Esporte, o PCdoB se viu diante da necessidade de fazer um cálculo no qual a economia foi o menor dos fatores na equação. Para manter seu feudo na Esplanada dos Ministérios, indicou o deputado federal Aldo Rebelo (SP) e agarrou-se a uma pasta com parcos recursos e um orçamento tesourado no esforço fiscal do governo. Dos R$ 2,4 bilhões de que dispunha neste ano, gastou até o dia 11 de outubro apenas R$ 183,1 milhões. Uma quantia pífia para um ministério vitaminado por emendas parlamentares nos últimos oito anos e que desde 2007 vinha gastando, em média, R$ 1 bilhão por ano.
Contra o ministério, também pesa a lista de denúncias de desvios de recursos – motivo da saída de Silva – que levou a Controladoria-Geral da União a questionar 67 convênios firmados com ONGs, nos quais identificou prejuízos de R$ 44,5 milhões. “Os convênios com as prefeituras continuam. Mas não pretendo fechar novas parcerias com ONGs”, disse Rebelo, na quinta-feira 27, pouco depois de se reunir com a presidente Dilma e ser confirmado no cargo. Sem predicados econômicos, o que atrai no Esporte é o prestígio.
Rabelo terá a dura tarefa de manter rédeas curtas sobre o Congresso na negociação da Lei Geral da Copa. Tentará evitar que os parlamentares deem à Fifa, organizadora do torneio, privilégios além dos já previstos no projeto, como os R$ 500 milhões em isenções fiscais para produtos oficiais. Para Dilma, Rebelo tem o distanciamento necessário dos cartolas, devido à sua atuação na CPI do Futebol, a qual presidiu em 2000. Ele tem trânsito entre os colegas, por já ter presidido a Câmara dos Deputados e ter sido ministro da Articulação Política do governo Lula.
Novo titular: Aldo Rebelo, deputado do PCdoB, terá de negociar a Lei Geral da Copa no Congresso
Mesmo sem tocar obras da Copa, o ministério é também o principal interlocutor do Tribunal de Contas da União, que monitora o andamento das obras. “Mantemos o ministério informado sobre os relatórios de fiscalização”, disse à DINHEIRO o ministro Valmir Campelo, relator-geral da Copa no TCU. “O ministério atraiu atenção internacional por conta dos megaeventos esportivos”, diz Gil Castelo Branco, coordenador da ONG Contas Abertas. Se a Rebelo falta dinheiro, não faltarão holofotes.