05/04/2013 - 21:00
O empresário do setor de alimentação Marcel Gholmieh foi para os Estados Unidos, em 2011, participar de um treinamento obrigatório para quem pretende investir na marca de restaurantes Hooters, cuja sede está localizada em Atlanta, no Estado da Geórgia. Durante o período de aprendizado, ele conheceu a Darden, outra grande rede americana de restaurantes, famosa pelo seu modelo de gestão centralizado. Na volta ao Brasil, o empreendedor resolveu pôr em prática o aprendizado com a cadeia rival. Reuniu um grupo de sete empresários, donos de oito marcas de bares, restaurantes e casas noturnas na cidade de São Paulo, para criar a Infinity. A holding replica a receita de gestão da Darden.
Novos pratos: depois do Hooters e do Benihana, os investidores da Infinity, Marcel Gholmieh (esq.)
e Fernando Souza, querem trazer franquias internacionais de fast-food e um restaurante italiano
Sob seu guarda-chuva, estão 13 estabelecimentos que, juntos, faturaram R$ 70 milhões no ano passado. Mas o apetite de Gholmieh e de seu sócio Fernando Souza, líderes do grupo, está longe de ser saciado. A meta é obter uma receita de R$ 115 milhões neste ano, quantia que deverá chegar a R$ 300 milhões em 2016. Eles esperam conseguir isso por meio da expansão, em ritmo acelerado, das marcas em seu portfólio (veja quadro ao final da reportagem). Por conta disso, estão em busca de um sócio capitalista. “Não vamos conseguir crescer como queremos sem um investidor”, diz Gholmieh. “Precisamos de mais capital.” Uma das razões para acelerar o crescimento é competir com a International Meal Company (IMC), dona do Viena e do Frango Assado.
Com faturamento de R$ 1,2 bilhão, a IMC negociou com a Darden a abertura de restaurantes de suas marcas no Brasil, como o Red Lobster, especializado em frutos do mar. Independentemente de conseguir um investidor, a companhia já trabalha com planos de expansão de seu portfólio.“Uma marca de fast-food e outra de comida italiana são o que faltam ao nosso grupo”, afirma Gholmieh, que estreou na área de gastronomia com a franquia do Hooters, conhecido pelas garçonetes de seios fartos e shortinhos curtíssimos. A expectativa otimista dos empresários está relacionada ao elevado crescimento do segmento de alimentação fora de casa. Em 2012, movimentou R$ 248 bilhões, um crescimento de 14,3%, segundo a Abia, associação que representa as indústrias alimentícias.
O modelo de operação adotado pela Infinity prevê a centralização de toda a gestão do negócio: da área administrativa às compras para os restaurantes e bares. “Isso ajuda o gerente de cada estabelecimento a focar no essencial, que é cuidar do atendimento e do funcionamento do estabelecimento”, diz Gholmieh. “Se faltar alguma coisa ou precisar de suporte, é só falar com a Infinity.” Outra vantagem apontada para a criação da Infinity foi a redução de custos, pois a compra centralizada garante mais força para negociar com os fornecedores. “O mercado está mais exigente e competitivo”, afirma Adriana Furquim, sócia da No Ponto, consultoria paulista especializada em alimentação.
“E a profissionalização para ter mais controle é a alma do negócio.” Além de trazer marcas para o Brasil, Gholmieh e seus sócios também querem ampliar sua atuação, especialmente na área de alimentação saudável. Para isso, a Infinity está desenvolvendo uma rede de pequenos restaurantes que poderão ficar dentro ou fora de academias, seguindo o modelo já consolidado do FitFood, projeto capitaneado por Souza. Há, ainda, o plano de expandir o número de restaurantes das bandeiras que já fazem parte do leque da Infinity. O Hooters, que conta com duas unidades na cidade de São Paulo, deve seguir para a região do ABC de São Paulo e para o Rio de Janeiro. O Benihana, especializado em comida japonesa, também deve ganhar filiais no Rio de Janeiro, em Vitória, Belo Horizonte e Brasília.