Diante da simpatia brasileira, muitos empresários franceses desavisados saíam das primeiras reuniões entre os dois países, na semana passada, acreditando que tinham um contrato na mão. Depois é que percebiam que sorrisos não significavam negócio fechado. Para evitar decepções, um dos participantes da delegação de empresários que acompanharam o presidente François Hollande ao Brasil já foi avisando os colegas: “O Brasil é como uma moça que se merece, é preciso cortejar”. Foi essa a estratégia de Hollande, que, na quinta-feira 12, foi recebido pela presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. 

 

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Cortejando a moça: presidente Hollande faz lobby para a FAB comprar

os caças Rafale, da francesa Dassault

 

Entre os cerca de 50 empresários na comitiva estava Éric Trappier, CEO da Dassault, fabricante do caça Rafale. O contrato para a renovação dos aviões da Força Aérea Brasileira é o mais estratégico para a indústria francesa – o Rafale concorre ainda com o americano F-18, da Boeing, e o sueco Gripen NG, da Saab. Mas empresários de outros setores também estão interessados no Brasil. Na manhã de quinta-feira, antes da visita ao Palácio, em encontro promovido pela Confederação Naciona da Indústria (CNI) e seu equivalente francês, eles enfatizaram que não querem apenas vender produtos e que estão dispostos a fazer parcerias e repassar tecnologia. 

 

A Dassault já possui 80 cartas de intenção assinadas com mais de 50 empresas brasileiras para parcerias na produção de aeronaves no País, entre elas a Embraer. Dilma não falou sobre os caças em público, mas as gargalhadas na conversa com Hollande mostraram um estilo bem diferente do habitual. A França é o sexto maior investidor estrangeiro no Brasil, com R$ 31 bilhões em 2011, enquanto os recursos brasileiros na França totalizavam R$ 949 milhões no mesmo período. Já na balança comercial, o déficit brasileiro, antigo, está aumentando. Em novembro, chegou a US$ 2,9 bilhões. “Queremos dobrar a relação comercial com o Brasil até 2020”, disse Hollande, na manhã da sexta-feira 13, ao participar de evento na Fiesp, ao lado de Dilma. “Devemos elevar o nosso comércio a um novo patamar, tanto em termos de qualidade como em equilíbrio”, afirmou a presidenta.