Sorte e uma pitada de ousadia são dois ingredientes importantes na vida de boa parte dos empreendedores. Na trajetória do paulistano Denisson Moura de Freitas, 46 anos, a combinação desses dois elementos tem sido vital. Em 1991, ele deixou São Paulo para seguir a namorada, Maria Cristina, que se mudara para Florianópolis. Na capital catarinense, em vez de buscar uma colocação em uma grande empresa, decidiu se arriscar e abrir um escritório de contabilidade. 

 

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Denisson de Freitas: “A energia sustentável é o futuro do setor e também da nossa própria empresa”

 

Esse pequeno negócio acabou se transformando no embrião do Komgroup, um conglomerado que obteve receita de R$ 1,5 bilhão em 2013, graças à comercialização de itens tão prosaicos como toalhas e cestos de lixo feitos de plástico importados da China, vendidos com a marca Bella Casa, e até salmão e bacalhau processados por sua Komdelli, além da fabricação e venda de ar-condicionado, a cargo da Komeco, criada em 1994, com um capital de apenas U$S 30 mil. Esta última é a maior delas e nasceu de um bate-papo com um exportador chinês que havia “micado” com uma carga de aparelhos de ar-condicionado, cujo comprador não quis receber. 

 

“Até então não imaginava quão interessante era esse setor”, afirma Freitas. Atualmente, a Komeco gera um faturamento anual de R$ 500 milhões e desponta como a maior fabricante nacional do setor. Agora, a nova fase de crescimento para ele está no campo oposto. Em vez de gelar, o empreendedor pretende esquentar a vida dos consumidores. Para isso, ele está investindo R$ 150 milhões, até 2020, incluindo a produção de coletores solares para aquecimento de água. O interesse no segmento ganhou força em 2011, quando Freitas decidiu participar de uma concorrência para equipar seis mil unidades do programa Minha Casa Minha Vida. 

 

Venceu a parada e renovou o contrato, um ano depois, para fornecer um lote do mesmo tamanho. O valor dos dois contratos é modesto para o porte do grupo – R$ 15 milhões –, contudo, funciona como uma espécie de cartão de visita para o empresário. “O ganho de imagem será maior que o financeiro”, diz. Ao menos no curto prazo. Hoje, os sistemas de coletores solares respondem por apenas 1,2% da energia gasta com água quente. Pelas contas da Abrava, entidade que reúne os fabricantes do setor, o potencial do País é gigantesco, podendo chegar a 20% do consumo energético. “A energia sustentável é o futuro do setor e também da nossa própria empresa”, diz Freitas. Detalhe: o escritório de contabilidade continua ativo e Maria Cristina se tornou sua mulher e sócia. 

 

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