05/08/2016 - 19:00
Todos os números que envolvem a brasileira JBS parecem superlativos. A companhia da família Batista, que em meio século passou de um pequeno açougue em Anápolis, interior de Goiás, à maior produtora de carnes do mundo, tem faturamento anual de R$ 163 bilhões e mais de 240 mil funcionários. Dentro desse colosso, o que seria um segmento sem relevância para qualquer outro frigorífico pode se tornar um negócio rentável – como uma fábrica de latinhas, por exemplo.
Dentro da divisão JBS Novos Negócios, criada em 2010 e que já possui quatro mil funcionários, as embalagens metálicas têm se destacado. Essa divisão procura transformar subprodutos e resíduos industriais em novas oportunidades, para o aumento da rentabilidade. Com duas fábricas no Estado de São Paulo, a área de embalagens é uma herança da compra da Bertin, em 2009. O que era para ser um negócio voltado a abastecer unidades da JBS ou de outras empresas da família Batista, como a fabricante de cosméticos Flora, já tem metade da receita vinda de clientes externos. “Estamos entre as três maiores fabricantes de latas de aço do País, com uma atuação bem arrojada”, diz Marcelo Jorcovix, diretor de embalagens metálicas. “Crescemos sempre acima dos 10%, ganhando participação de mercado.”
Essa expansão promete ser maior desde que a empresa instalou, em abril, uma nova linha de produção de embalagens de aerossol na unidade em Lins (SP), com foco em inseticidas, tintas, odorisadores e cosméticos. Com o investimento, de valor não revelado, a empresa poderá fabricar 70 milhões de latas do tipo por ano. “A ideia é ocupar 100% da linha no primeiro semestre de 2017”, afirma o executivo. Se a meta for alcançada, pode haver novas linhas de produção já no próximo ano. O Brasil consome dois bilhões de latas de alimentos e de aerossol, e as fábricas da companhia têm capacidade de produzir 600 milhões delas. O setor de latas de aço anualmente movimenta R$ 4 bilhões, estima a associação de embalagem de aço (Abeaço). “A JBS tem se diferenciado por atender a nichos para os quais ninguém fornecia no Brasil, como até embalagens para escargot”, diz Thais Fagury, diretora executiva da Abeaço. Uma oportunidade de negócio que só uma empresa obcecada por tirar proveito máximo de tudo que produz poderia notar. Dentro da JBS Novos Negócios, há outras nove investidas, que vão do biodiesel, passando pelo colágeno, sabonetes, princípios ativos para medicamentos, envoltórios para embutidos, gestão ambiental de resíduos a até transportes.
A companhia tem outras três frentes principais de negócios. A JBS Couros é a maior produtora de couro do planeta. Há ainda a JBS Carnes e a JBS Foods – dona da marca de comida processada Seara e da margarina Doriana.