21/11/2016 - 18:30
Evento mais tradicional do varejo americano, a Black Friday, dia de promoções que antecipa as compras de Natal, foi adotada pelo varejo brasileiro em 2011. Três anos depois a novidade chegou aos investimentos. Embalado pelo interesse dos investidores, a iniciativa ganha maior duração e a oferta se diversifica nesta edição. Distribuidoras de produtos financeiros, como Órama, Easynvest e, mais recentemente, a corretora Rico, passaram a oferecer descontos nas taxas de corretagem, rentabilidades maiores e investimentos iniciais mais acessíveis para quem quiser aproveitar novembro para poupar em vez de gastar.
Ao testar o mercado há três anos, a Easynvest levou um susto. As vendas de títulos isentos de imposto, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) subiram 900% no dia da promoção, de uma média diária de R$ 500 mil para R$ 5 milhões. “Passamos seis meses estudando o que havia acontecido e decidimos estender a promoção para todo o mês de novembro em 2015”, diz Marcio Cardoso, sócio e gestor da Easynvest. O resultado? O fluxo de investimento diário, de cerca de R$ 6 milhões por dia, saltou para R$ 40 milhões ao dia. “Dobramos o nosso número de clientes”, diz Amerson Magalhães, outro sócio da Easynvest.
A estratégia para fisgar novos investidores inclui reduzir o investimento inicial e negociar com os emissores de títulos para melhorar a rentabilidade. A Black November foi essencial para o crescimento da distribuidora, uma plataforma virtual que tem captado de R$ 14 milhões a R$ 15 milhões ao dia. “Nossa meta é encerrar 2016 com R$ 10 bilhões de ativos sob custódia”, afirma Cardoso. Se concretizada, isso representará um crescimento de 230% sobre os R$ 9 bilhões de 2015. A Órama Investimentos começou com uma Black Friday em 2014, e, em 2015, ampliou a promoção para o Black November, elevando em 30% as vendas de títulos de renda fixa, diz a estrategista Sandra Blanco.
Neste ano, a meta é um avanço de 50%. “As aplicações em fundos também cresceram devido ao aumento de visitas à nossa página na internet”, diz ela. Como a taxa de administração dos fundos de investimento consta no estatuto e, para mudá-lo, seria necessário uma assembleia, sua a inclusão é mais complicada. A oferta da Órama inclui a redução do aporte inicial, do teto de R$ 50 mil para a partir de R$ 1 mil, prazos de variados de resgate e muita negociação da mesa de renda fixa com os bancos para elevar o retorno dos títulos para percentuais superiores do CDI. As promoções de novembro decolaram no Brasil porque a data é próxima ao pagamento da primeira parcela do 13º salário. E também porque os descontos caíram no gosto dos brasileiros.
Em sua segunda edição, a corretora Rico estendeu a Black Friday para os dias 21 e 25 de novembro, excluindo a taxa de R$ 0,10% cobrada de títulos de renda fixa e negociando com bancos percentuais maiores do CDI. Segundo Gabriela Dayan, gerente de marketing, a ideia é ofertar produtos diferentes a cada dia desta semana. A Black Week inclui desconto de 50% nas taxas de corretagem na compra de ações, de contratos futuros e de contratos de opções, a R$ 4,40 por operação, e valores reduzidos de entrada. “A ideia é aumentar a base de clientes”, diz Dayan. Na ponta do lápis, a elevação da rentabilidade pode até ser singela. Mas acessar produtos mais sofisticados com um aporte menor pode ser interessante.