Hoje está mais claro do que nunca que vivemos em um mundo com recursos limitados. Diversos são os fatores que impactam diretamente o consumo dos mais variados recursos e que passam a exercer enorme pressão sobre os negócios e a sociedade. Dentre eles, destacam-se o rápido crescimento dos mercados em desenvolvimento, mudanças climáticas, questões de segurança energética e o consumo e tratamento da água, que se tornam cada dia mais críticos, com a escassez de chuva, como ocorre atualmente no País. Os governos sozinhos não podem enfrentar esses desafios e muitas vezes não têm a força necessária.

Por isso, torna-se essencial que as empresas assumam um papel de liderança no desenvolvimento de soluções que ajudarão a criar um futuro mais sustentável. No Brasil, as exigências sobre a atuação responsável e sustentável das empresas têm evoluído significativamente, o que exige grande atenção do mundo corporativo. Para o cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente em relação à construção de condições adequadas para reduzir impactos sobre o meio ambiente certamente será necessária a participação ativa e decisiva das empresas brasileiras.

Esse será o grande desafio imposto às grandes corporações nos próximos anos, o que exigirá cada vez mais eficiência na gestão de custos e de processos. Como consequência desse cenário, aumenta consideravelmente o número de empresas que reconhecem oportunidades a serem exploradas com a implementação de projetos de responsabilidade socioambiental e o quanto isso vai além dos resultados no faturamento da empresa. Ao alavancar sua capacidade de melhorar os processos, criar eficiências, gerenciar riscos e promover inovação, as empresas, além de contribuir para a sociedade, poderão gerar valor diante do mercado, dos investidores e dos acionistas.

Mas como gerar valor, se essas ações não forem relatadas? Por isso, é importante destacar que, sob essa ótica, um outro elemento torna-se tão importante para as companhias quanto realizar ações socioambientais: divulgá-las. Resultado disso é que, no Brasil, aproximadamente 70% das empresas de capital aberto, nos níveis diferenciados (N1, N2 e Novo Mercado), seguem a recomendação da BM&F Bovespa com relação à divulgação de um Relatório de Sustentabilidade ou Integrado, demonstrando um grau elevado de transparência sobre suas práticas de gestão de riscos e de oportunidades.

Esse movimento possibilita facilitar o acesso do mercado – especialmente de investidores e analistas – a informações não financeiras e reconhecer que elas têm influência crescente sobre as decisões de investimento. De forma geral, podemos afirmar que o número de relatórios publicados no Brasil tem se mostrado estável após um pico de crescimento na última década. Esse índice é condizente com o máximo obtido em países onde o relato de informações socioambientais não é obrigatório por lei. Índices próximos de 100% são encontrados somente em locais onde existe algum tipo de compliance, como França e Dinamarca, com 99%, e África do Sul, com 98%.

Em um momento em que questões de sustentabilidade estão no topo das agendas corporativas e governamentais, deixar de realizar ações socioambientais pode fazer uma empresa sucumbir diante dos concorrentes mais engajados. Os líderes empresariais precisam se certificar se suas companhias impactam cada vez menos o meio ambiente e os recursos naturais e se trazem mais benefícios para a sociedade. Tudo isso, sem esquecer essa nova dinâmica, na qual comunicar ao público e aos acionistas torna-se essencial na construção do valor da empresa. Não existe mais espaço para a discussão se ela deve ou não elaborar um Relatório de Sustentabilidade ou Integrado. Isso já se tornou uma prática padrão.

As perguntas que devem ser feitas agora são sobre o que incluir no documento e como fazê-lo da melhor forma. Vale ressaltar que o relatório é uma ferramenta essencial para a gestão de negócios e não deve ser produzido simplesmente para amenizar potenciais críticas e destacar as boas ações de uma empresa. Ele deve ser o meio pelo qual uma organização coleta e analisa dados, que são determinantes no seu processo de geração de valor e de adaptação a mudanças ambientais e sociais no longo prazo. Além, é claro, de ser capaz de convencer os investidores sobre o seu futuro, que deve ir além do próximo trimestre ou ano.