É notória a ligação entre as grifes suíças de relógios e o esporte. As centenárias Rolex e Omega, por exemplo, apoiam eventos do quilate da Fórmula 1 e das Olimpíadas, respectivamente. A TAG Heuer é marca recorrente em eventos de elite, como iatismo, golfe e automobilismo. A caçula Hublot, que nasceu em 1980, segue o mesmo caminho tomado por suas conterrâneas, e tem o Brasil como peça-chave nessa estratégia. Depois de patrocinar a sua primeira Copa do Mundo, no ano passado, a grife pretende fortalecer sua imagem no País tropicalizando seus relógios.

A empresa, que tem se associado a nomes como o do rei Pelé, do ex-tenista Gustavo Kuerten, o Guga, e até do time do Flamengo, busca nomes de destaque no País para ampliar ainda mais essa estratégia nos próximos meses. Com edições limitadas homenageando os seus parceiros, a Hublot busca alcançar uma posição de destaque no mercado de luxo, com relógios que chegam a custar mais de US$ 100 mil. “Continuamos de olho em novas ações com grandes nomes do esporte no Brasil”, afirma Vincent Vuillaume, o número 1 da marca nas Américas. “Isso ajuda a fixar cada vez mais a marca no imaginário dos brasileiros.”

Lá fora, a Hublot fechou neste ano uma parceria com a Uefa, que comanda o futebol europeu. O alvo da iniciativa é o jovem, público geralmente negligenciado pelas marcas mais tradicionais de relógios. “Mesmo com a crise, há muitos consumidores brasileiros que buscam relógios sofisticados”, afirma Vuillaume. “Por isso, estamos otimistas com o País.” Para fortalecer a relação com esse público, parcerias com atletas é algo comum na Hublot. O astro americano da NBA Kobe Bryant e o jamaicano Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo, são alguns dos principais embaixadores da marca e possuem suas peças exclusivas.

A estratégia, segundo a empresa, tem trazido bons resultados. A Hublot não divulga números de faturamento, mas a consultoria suíça de branding BV4 estima que seu valor de mercado é de US$ 345 milhões. Tal cifra a coloca à frente de relojoarias tradicionais como a Baume et Marcier, nascida em 1830. “O que tem a diferenciado é que ela tem buscado mais do que somente o luxo pelo luxo”, diz Amnon Armoni, professor do MBA de gestão de luxo da FAAP. Fora do campo dos patrocínios, a Hublot quer aumentar ainda mais o seu alcance no Brasil.

No ano passado, inaugurou a sua primeira boutique, no Rio de Janeiro, com a presença de Pelé, que lançou o seu relógio, o Classic Fusion Pelé, ao preço de R$ 57 mil e com detalhes em safira e pó de prata. Até o início de 2017, São Paulo deverá receber outra unidade. Segundo a consultoria Bain & Company, o Brasil será o principal responsável pelo crescimento de 3% do mercado do luxo na América Latina. “A valorização do dólar deu competitividade para a nossa operação local”, diz Vuillaume. “Então, é a hora de ser agressivo e ganhar mercado.”