01/08/2016 - 18:00
Os Jogos Olímpicos Rio 2016 vão reunir grandes nomes do universo esportivo. No campo dos negócios, adicionalmente, o evento será palco de uma disputa entre milionários. Atletas de ponta, como o jogador americano de basquete contratado pelo Golden State Warriors, Kevin Durant, que recebe US$ 56,2 milhões por ano, e Usain Bolt, o homem mais rápido do planeta, dono de um faturamento de US$ 32,5 milhões, travarão um duelo à parte pela atenção dos patrocinadores.
Mesmo com a ausência de alguns nomes de peso, como o do português Cristiano Ronaldo, que ganhou US$ 88 milhões no ano passado, o maior valor entre todos os esportistas, as cifras que envolvem os astros olímpicos são dignas do tamanho do evento. Somadas, as receitas dos oito esportistas mais bem pagos da Olimpíada no País atingem o montante de US$ 312,8 milhões, o equivalente a R$ 1,2 bilhão, incluindo salários e patrocínios. Os dados são da revista Forbes.
O valor se aproxima do lucro líquido de grandes companhias, como a Kroton, maior grupo de ensino brasileiro (lucro de R$ 1,4 bilhão em 2015). Também seria suficiente para cobrir o prejuízo da Petrobrás no primeiro trimestre deste ano. Essa dinheirama, no entanto, não é gasta sem critérios. “Esses atletas são ícones mundiais e têm visibilidade em qualquer parte do mundo. É o que as marcas buscam”, diz Eduardo Muniz, professor do MBA em Negócios do Esporte da ESPM-SP.
“As empresas têm em mente dois fatores no momento do patrocínio: além da repercussão da marca, há também a análise comportamental desse esportista, que tem de ir ao encontro dos valores da companhia.” É por conta dessa lógica que, muitas vezes, o desempenho esportivo e o crescimento da conta bancária parecem seguir caminhos diferentes. Atletas como o nadador americano Michael Phelps, a judoca brasileira Sarah Menezes e o ginasta brasileiro Arthur Zanetti se destacam na lista olímpica, mas não na publicidade. O velocista jamaicano Usain Bolt é um caso à parte.
A maior estrela dos Jogos, atualmente, consegue unir, na mesma velocidade, a performance no esporte com os ganhos financeiros: ele é o sexto atleta mais bem pago. Bolt recebe US$ 2,5 milhões de salário e mais US$ 30 milhões de patrocínio. Entre as empresas parceiras do atleta estão a alemã Puma, de artigos esportivos, e a montadora japonesa Nissan. Na corrida dos negócios, Bolt também se arrisca como empreendedor. Ele é dono de uma bandeira de restaurantes e planeja investimentos em fazendas de café.
O tenista Rafael Nadal, ex-número um do mundo, mas que não se encontra em sua melhor fase, supera o jamaicano. Ele fechou o ano passado com um faturamento de US$ 37,5 milhões, sendo que US$ 32 milhões vieram de patrocínios de empresas como a montadora sul-coreana Kia Motors. “Os atletas são vistos como super-heróis. É o limite da capacidade humana”, diz Felipe Iacocca, diretor da agência de marketing de influência IWM Agency. Para o especialista, no entanto, mesmo com toda a capacidade esportiva, eles estão sujeitos ao desgaste da imagem.
A ganância também é um problema. “É comum o mesmo atleta representar várias empresas, de diferentes segmentos. Isso também acaba desgastando a imagem deles”, afirma Iacocca. Quando isso acontece, o prejuízo não é só do esportista. Para as empresas, além da perda financeira, sobra a dor de cabeça. Em fevereiro, a Nike quebrou o contato de patrocínio com o boxeador filipino Manny Pacquiao, que disse em uma entrevista que gays eram “piores que animais”.
O golfista americano Tiger Woods, depois da divulgação do seu envolvimento em casos extraconjugais, em 2009, viu sua carreira despencar, culminando na perda do patrocínio de Gilette, Accenture, Nielsen, AT&T, GM e Tag Heuer. No Brasil, um dos episódios mais polêmicos ocorreu em 2008, quando a TIM rompeu o contrato com Ronaldo Fenômeno após o futebolista ter se envolvido em um escândalo sexual. Por conta disso, o atleta deixou de ganhar US$ 4,8 milhões por ano. “A marca fica muito dependente desses atletas”, diz Muniz, da ESPM.
“Por isso, antes de contratar um esportista, a companhia tem de estudar a sua biografia.”. O único brasileiro na lista dos mais bem pagos é o craque Neymar, do Barcelona. Ele faturou, em 2015, US$ 14,5 milhões de salário e US$ 23 milhões de patrocínio. Uma das parceiras é a americana Nike. “Os atletas são os maiores colaboradores no desenvolvimento dos nossos produtos”, diz Henry Rabello, vice-presidente de marketing da Nike do Brasil.
Apesar de ainda contar com muitos milionários, na última semana, a Rio 2016 perdeu alguns dos seus maiores magnatas. Caso do jogador americano de basquete LeBron James, que optou pelo descanso. LeBron encabeçava a lista olímpica, com o ganho anual de US$ 77,2 milhões. Já o tenista suíço Roger Federer, que fatura US$ 67 milhões, está se recuperando de uma lesão no joelho. Essas ausências deixarão a Olimpíada mais pobre, tanto no campo esportivo, quanto no financeiro.