A tradicional emissora de esportes americana ESPN anunciou, com pompa, que lançaria o primeiro canal com 24 horas de programação em 3D do mundo. Acabou sendo a segunda. Um dia antes de sua estreia, em 14 de fevereiro deste ano, a Discovery passou a perna no canal esportivo dos EUA e lançou sua programação toda em três dimensões. 

A iniciativa foi coordenada em parceria com a Sony e a Imax. Agora, a maior transmissora de conteúdo de não ficção do mundo avalia quando trará algo similar ao mercado brasileiro. 

 

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Mark Hollinger: ”No Brasil, há grande potencial por existir baixa penetração da tevê paga”, diz o CEO internacional da Discovery 

 

Para poder transmitir em 3D, a Discovery acompanha a evolução da demanda, dos distribuidores de conteúdo e possíveis parcerias locais. Com receita anual de US$ 3,5 bilhões e capital aberto na Nasdaq, bolsa eletrônica dos EUA, a empresa tem US$ 1 bilhão para investir em programação neste ano. Na holding Discovery Communications, dona de 11 canais na tevê paga nacional, as estratégias importantes sempre levam em conta o Brasil.

 

O País é hoje o terceiro em receitas para a empresa, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Ter alcançado essa posição significa deixar na poeira mais de 184 países cobertos por sua programação. 

 

“No Brasil, há grande potencial por existir uma penetração baixa da tevê paga, que ficou estagnada por vários anos e agora voltou a crescer”, diz Mark Hollinger, CEO das operações internacionais da Discovery. O Brasil conta com 10,2 milhões de assinantes de tevê paga, totalizando 30 milhões de espectadores. 

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“Esse número deve dobrar até 2014”, diz João Luiz de Figueiredo, chefe do departamento de gestão do entretenimento da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ). “Há dois fatores para isso: a abertura do mercado de tevê paga para outras empresas, ampliando a concorrência, e o maior consumo da classe média.”

 

Diferentemente do que acontece no resto do mundo, onde o Discovery Channel é o seu canal principal, o sucesso da empresa aqui tem relação direta com o Discovery Kids. Voltado às crianças, ele foi o canal de tevê por assinatura mais assistido em 2010, conseguindo sucesso com a série animada nacional Peixonauta. 

 

O desafio agora é provar aos anunciantes que vale a pena investir em publicidade na tevê por assinatura. “Temos 30% da audiência total, mas só 5% da receita, até por causa da influência da Globo no mercado publicitário”, afirma Hollinger.