23/12/2015 - 18:30
Presente desde a primeira edição da Olimpíada moderna, o Tiro é um esporte que exige muito autocontrole do competidor. Os melhores atiradores do mundo são conhecidos por conseguir domar seus batimentos cardíacos a ponto de disparar entre duas batidas de coração. É uma maneira de evitar trepidações que podem custar uma medalha olímpica. Quem pretende colocar o câmbio no alvo dos investimentos em 2016 deve ter o mesmo sangue frio e nervos de aço de um atirador. Em 2015, os fundos cambiais conseguiram aproveitar a valorização de quase 50% do dólar.
É como se tivessem comprado a divisa após o último fechamento do mercado de 2014 a R$ 2,66 e vendido pela cotação de R$ 3,91 no dia 18 de dezembro de 2015. Os melhores fundos conseguiram, em doze meses, superar esse retorno, como os primeiros colocados, que pertencem à gestora BB DTVM. O investimento em moeda estrangeiro é dos mais difíceis para se prever e é indicado para investidores que buscam se proteger de eventuais variações cambiais. Depois de um resultado tão expressivo como em 2015, dificilmente a valorização dos fundos cambiais será a mesma, mesmo com as incertezas políticas e econômicas do Brasil.
“Não deve haver um novo movimento de alta de 50%, mas ainda faz sentido ter uma proteção em dólar, pelo menos, durante o primeiro semestre, que vai estar carregado pela indefinição no campo político”, diz Ricardo Valente, gestor de fundos cambiais da Credit Suisse Hedging-Griffo, que registrou o terceiro melhor desempenho da categoria. “Para o segundo semestre, o dólar pode perder o ímpeto.” O gestor do fundo Verde, Luis Stuhlberger, afirma que – ao lado do CDS (credit default swap) de cinco anos, uma medida do risco soberano do País – o dólar parece ser o ativo com o preço mais errado, já que a dívida pública “está em trajetória incontrolável”.
Ele acredita que existem mais ajustes para acontecer, mesmo depois de o dólar ter atingido picos de valorização em setembro e outubro de 2015. Stuhlberger, que mais acerta do que erra os imprevisíveis movimentos de câmbio, escreveu, no relatório da sua gestora de novembro, que “haverá a hora certa de voltar a ter exposição em dólar”. Mas ele completou: “só não parece ser imediatamente”. Se até para os especialistas é difícil acertar o centro do alvo sem respirar fundo, fique atento para não investir com base nas emoções.
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