Um bom contador de histórias conquista, geralmente com mais facilidade, popularidade e simpatia em rodas de amigos. Além disso, quando a história é bem contada, ela permanece na memória das pessoas e rapidamente é repassada para frente, numa espécie fofoca do bem. No mundo corporativo, a boa prosa ganhou nome mais sofisticado, storytelling, e recentemente se transformou em um negócio promissor. Foi na carona desse fenômeno que nasceu a The Plot, de São Paulo, que deve faturar R$ 12 milhões no primeiro ano de operação, propondo o inusitado serviço de transformar em filmes toda mensagem que uma empresa quiser transmitir para seus funcionários e clientes.

Grandes companhias, como a Nestlé, a Sulamérica e o laboratório Merck, já assinaram contratos com a empresa. Com técnicas semelhantes às utilizadas nos filmes de Hollywood, a empresa mantém uma equipe que lembra uma produtora de cinema. São desde roteiristas e publicitários até outros profissionais da área criativa. “Quero ser a Pixar ou a Disney do mundo corporativo”, diz o fundador e sócio da The Plot, Joni Galvão. O empresário já havia criado, há dez anos, a Soap, que se especializou apenas em fazer apresentações empresariais pelo conceito da storytelling. Mas Galvão queria mais.

No ano passado, ele desfez a sociedade na Soap com o primo Eduardo Cury e fez as malas rumo à Capital do Cinema. Cheio de ideias, voltou ao Brasil e lançou sua nova empresa. O projeto recebeu apoio da gestora de investimentos Treecorp, controladora da rede Café Suplicy. Com um aporte (o valor não foi revelado), a TreeCorp assumiu uma fatia de 10% do capital da The Plot. “É uma empresa com potencial enorme de crescimento”, diz Daniel Mcquoid, sócio-diretor da TreeCorp. “Há muita história para contar por aí.” O impulso dado pela TreeCorp mostrou-se fundamental no início das operações da The Plot.

Junto com Nestlé, Merck e Sulamérica, a empresa conquistou uma carteira mais de 20 clientes em menos de três meses de existência. No caso da Nestlé, por exemplo, The Plot criou uma dinâmica diferente durante a apresentação dos cases motivacionais da companhia, no início do ano. “Não usamos um PowerPoint sequer”, diz Galvão. “Colocamos os executivos no palco e a mensagem foi passada através de cenas de filme e performances teatrais.” A utilização da sétima arte pela The Plot é uma tendência das empresas para se comunicar melhor. Para o professor da ESPM-Rio, Ricardo Saint-Clair, a técnica se mostra eficiente para que as marcas se fixem na cabeça dos consumidores. “A empresa transmite seus valores através de sua história”, afirma ele.