Enquanto o anúncio da Gol chegou a surpreender o mercado, outro movimento já esperado no âmbito da operação Lava Jato, na mesma semana, ganhou contornos oficiais. Na quarta-feira, 14, a Braskem também assinou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal. As somas envolvidas, no entanto, são bem superiores às cifras do caso da companhia aérea. Controlada pela Odebrecht e pela Petrobras, a petroquímica brasileira vai pagar, aproximadamente, R$ 3,1 bilhões, a título de multa e indenização.

Desse total, R$ 1,6 bilhão será pago à vista, após a homologação do acordo. O saldo restante será dividido em seis parcelas anuais, que serão quitadas a partir de janeiro de 2018, com reajuste pela variação do IPCA. A Braskem, procurada pela DINHEIRO, informou que não iria se pronunciar. Em fato relevante, a companhia afirmou que o acordo cobre todos os fatos apurados até o momento que envolvem seu nome no contexto da Lava Jato.

A operação apontou supostos pagamentos de propinas em contratos celebrados com a Petrobras. Recentemente, a Braskem divulgou que investigações internas identificaram irregularidades em transações realizadas pela companhia. “Como fruto do acordo, a companhia seguirá cooperando com as autoridades competentes e implementando as melhorias no seu sistema de conformidade, devendo também se submeter a monitoramento externo”, escreveu a empresa no documento.

A Braskem informou ainda que a cifra bilionária corresponde à parte brasileira de um acordo global que está sendo costurado com autoridades competentes. Desde 2015, a petroquímica é alvo de uma série de ações coletivas de investidores e acionistas nos Estados Unidos, sob a alegação de ter divulgado comunicados e documentos falsos e enganosos, além de ter omitido seu envolvimento nos casos de corrupção da Petrobras. A expectativa é que os acordos de leniência no exterior sejam assinados até o fim do ano.