Depois de muita expectativa, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), comandado por Ilan Goldfajn, baixou a taxa Selic, o juro básico da economia brasileira, de 14,25% para 14% ao ano. A decisão foi sucedida por um suspiro coletivo do setor produtivo, críticas entre os que esperavam um corte maior e o receio de muitos investidores sobre a renda fixa, diante da tendência de novos cortes nas próximas reuniões. Alguns economistas projetam uma Selic abaixo de 10% já no final de 2017.

Esse cenário impacta diretamente os títulos de renda fixa, investimento preferido do brasileiro, ao lado da poupança, que atingiu um estoque de títulos de mais de R$ 2,7 trilhões, segundo os últimos dados divulgados pela Cetip. Ainda dá tempo de aproveitar essa rentabilidade? A melhor alternativa para o investidor que tem até R$ 50 mil para investir são os títulos do Tesouro Direto. É possível comprar diretamente, pagando as taxas de custódia, que variam entre bancos e corretoras.

Essa aquisição direta é uma vantagem em comparação aos fundos de investimento, que cobram taxa de administração, o que reduz a atratividade dos títulos. A dica, neste momento, é aproveitar aqueles que oferecem proteção à inflação, risco próximo a zero, e ganhos reais de dois dígitos, como os NTN-B. A tendência de redução de juros traz volatilidade para os títulos do Tesouro – além do risco Cunha, que pode desestabilizar os ajustes do governo Temer (leia mais aqui).

“Hoje, há uma expectativa de juro real de 5,6% ao ano, mas, se o governo Temer avançar nas reformas fiscal e previdenciária, é possível que o juro real caia, o que deve melhorar a rentabilidade desse título”, diz Bernardo Schneider, head de Renda Fixa da Icatu Vanguarda, cujo fundo Inflação Longa FI acumula alta de 28,14% no ano. Schneider recomenda o NTN-B 2050. Rafael Bevilacqua, sócio responsável pela área de renda fixa da consultoria independente de análises financeiras Eleven Financial, também recomenda o NTN-B, mas com vencimento em 2035. “Em dois anos, é possível que o investidor tenha acumulado um lucro de 6% ou 7% além do CDI.”

Outras alternativa são as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que estão em evidência desde que receberam isenção de Imposto de Renda. Mas esses títulos são opções mais acessíveis aos fundos de investimento, que podem comprar grandes quantidades de papéis, ou para aqueles investidores com mais de R$ 50 mil. Mesmo com os juros em queda, ainda dá para aproveitar e alocar parte da carteira em títulos de renda fixa. Na próxima reunião do Copom já pode ser tarde.