25/06/2015 - 18:00
O executivo Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex, fabricante de painéis de madeira, louças e metais sanitários, concluiu em 2014, o mais ambicioso projeto da trajetória da empresa controlada pelo grupo Itaúsa e a Companhia Ligna de Investimentos, em seus 64 anos da existência. Batizado de Plano 2020, trata-se de um conjunto de metas alinhadas em três pontos centrais: ampliar o nível de internacionalização, com o aumento das exportações, que atualmente representam meros 5% do faturamento; crescer de forma orgânica, mediante o aumento da capacidade produtiva; e adquirir empresas que agreguem novos negócios e valor à marca.
Com esse receituário, ele acreditava que poderia ultrapassando a casa dos R$ 8 bilhões em vendas. Exatamente um ano depois, embora continue otimista em relação ao futuro, Oliveira avalia o presente com preocupação. Afinal, a deterioração do cenário econômico levou a empresa a reduzir o ritmo dos projetos de expansão e até engavetar alguns deles. “O cenário mudou, mas nossas ambições continuam elevadas”, afirma Oliveira. Essa disposição se mantém, a despeito da redução da rentabilidade da Duratex, cujo lucro líquido de R$ 359 milhões, no ano passado, representa uma queda de 36,6%, em relação a 2013.
Segundo Oliveira, não deverá faltar dinheiro para aproveitar o que ele classifica de “objetos do desejo”, que surgirem pelo caminho. Leia-se empresas que agreguem novos negócios e valor à marca. A meta é investir R$ 400 milhões neste ano. Uma parte foi gasta, em março, na aquisição da Corona, fabricante de chuveiros e torneiras elétricas, por R$ 88,5 milhões. Com isso, a Duratex aumentou de 10% para 30% sua fatia de mercado, assumindo a vice-liderança, atrás apenas da Lorenzetti. Entre o namoro e o casamento, se passaram cerca de 12 meses. “A Corona foi um dos investimentos mais planejados da Duratex”, diz Oliveira.
Juntamente com a Thermosystem, comprada em 2012, a Corona será a ponta de lança da Duratex em seu plano de entrar no segmento de aquecimento solar para uso doméstico. Empresas de setores como os de tubos e conexões e de cerâmicas planas estão na lista de prioridades estratégicas para o fortalecimento da companhia, segundo Oliveira. A expansão também está acontecendo em outra área importante, a de painéis de madeira. Para ampliar sua atuação, a face mais vistosa da área industrial do Itaúsa, que controla também o Itaú Unibanco, se uniu, em 2014, ao Grupo Lyra, do empresário Carlos Lyra, de Alagoas, em um projeto de plantação de eucalipto em áreas antes ocupadas pela cana-de-açúcar.
É um negócio orçado em cerca de R$ 70 milhões, que nasceu como um projeto de produção de painéis de madeira, mas que está sendo ampliado para um moderno polo moveleiro. “Já estamos conversando com fabricantes do setor”, afirma. “Muitos de nossos clientes chegam a vender metade de sua produção para o Nordeste”. A lógica que rege essa estratégica está baseada em duas premissas: a redução do custo com o frete, que chega a representar 20% do preço final do produto, e o apetite de consumo dos nordestinos. Mas, e a crise? O presidente da Duratex acredita que o nível de atividade econômica no Nordeste deverá seguir acima do verificado nos Estados do Sul-Sudeste como aconteceu, em 2014.
No ano passado, o PIB regional cresceu 3,7% ante o 0,1% registrado pelo País. Para colocar todos estes planos de pé, Oliveira está fazendo uma verdadeira revolução interna. Graduado em engenharia florestal pela Universidade Federal de Viçosa, de Minas Gerais, com especialização em gestão na prestigiada Wharton Business School, dos Estados Unidos, o executivo conhece como poucos a Duratex, onde ingressou em 1986. Apesar de comandar uma empresa encorpada, que domina uma fatia de 40% do mercado nacional, tanto em louças e metais quanto em painéis, ele argumenta que sempre é possível evoluir.
“Nos últimos 60 anos, a empresa jamais fechou um balanço no vermelho”, afirma. “Mas isto não significa dizer que não há o que melhorar.” Para atingir os objetivos do Plano 2020, o CEO contratou a mineira Falconi Consultores de Resultados, do guru Vicente Falconi, que está elaborando um projeto sob medida, batizado de Sistema de Gestão Duratex (SGD). “Nosso trabalho respeita a cultura organizacional e o DNA da empresa”, afirma Flávio Boan, encarregado do projeto. Oliveira nega que a Duratex esteja passando por um processo de reestruturação, apesar de todas as mudanças propostas no Plano e do envolvimento de 300 profissionais, incluindo o conselho do administração da companhia.