08/08/2014 - 20:00
Aos 39 anos, o primeiro-ministro Matteo Renzi é a expressão mais próxima do que a economia italiana pretende ser: moderna e dinâmica. Seu rosto jovem é visto como uma exceção na política local, na qual reina a gestão “à moda antiga”, mergulhada em descrédito, praticada por anciãos, não raro decrépitos e envolvidos em escândalos, como Silvio Berlusconi, defenestrado em 2011. Mas as promessas de esperança e renovação que fizeram Renzi ascender da Prefeitura de Florença ao posto político mais alto do país, há quase seis meses, já lhe cobram um duro preço.
Como acreditar que o novo caminho é diferente do trilhado pelos governos anteriores diante de mais uma recessão? Na quarta-feira 6, a divulgação do PIB do segundo trimestre surpreendeu o mercado ao mostrar uma queda de 0,2%, a segunda consecutiva. Caracterizou-se, assim, a terceira recessão desde 2008. A resposta à pergunta acima Renzi procurou dar logo após a divulgação do dado. “Precisamos ter coragem para encarar a realidade”, afirmou o mais jovem primeiro-ministro da história da Itália. “Estamos caminhando para sair da crise, mas temos de mudar, pois, se não mudarmos, sempre será negativo.”
O premiê ressaltou a reação da indústria como um ponto positivo. O discurso é um esforço para mostrar que estão vivas suas propostas de reformas agressivas para sacudir o engessado mercado de trabalho e as estruturas de gastos e de dívida do governo, além dos planos de privatização e de reformulação na política apresentados após a sua posse. A Itália é a terceira maior economia da Europa, a segunda mais endividada, e vem sofrendo mais que seus vizinhos para se recuperar da crise de 2008, que assolou o Velho Continente.
A piora nas exportações foi apontada como uma das principais responsáveis pela surpresa negativa no segundo trimestre, agravada pela crise na Rússia, grande compradora das empresas italianas. Além disso, os bônus de € 80 concedidos pelo governo Renzi aos 11 milhões de trabalhadores que ganham menos de € 1,5 mil por mês não foram suficientes para dar fôlego ao setor produtivo. Para a associação empresarial Confcommercio, o efeito da medida foi insuficiente para superar as incertezas dos italianos e levá-los de volta às compras. As previsões de crescimento para a Itália em 2014 foram reduzidas para 0,2%. Há, ainda, o risco de que o fraco desempenho comprometa as metas fiscais impostas pela União Europeia. É um desafio e tanto para o jovem Renzi.