28/04/2023 - 1:10
Nos princípios do Vale do Silício, em 1977, os engenheiros Larry Ellison, Bob Miner e Ed Oates fundaram o Software Development Laboratories em um escritório de 83m2 na cidade de Santa Clara, na Califórnia. O que eles não sabiam é que a empreitada se tornaria a maior empresa de gerenciamento de banco de dados do mundo já em 1987, posição que mantém até hoje, segundo ranking do Statista. Para chancelar tal posição não há nada melhor que um faturamento de US$ 42,4 bilhões no ano fiscal de 2022 (encerrado em maio passado). Os resultados de 2023, ainda não finalizado, também não decepcionam, com crescimento consistente de 18% ano a ano na receita nos três primeiros trimestres: US$ 11,4 bilhões (junho a agosto de 2022), US$ 12,3 bilhões no seguinte (setembro a novembro) e US$ 12,4 bilhões no terceiro (entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023). Tudo embalado no valor de mercado de US$ 254 bilhões. “Os ganhos trimestrais foram impulsionados pelo crescimento de nossos dois negócios de nuvem que agora ultrapassam US$ 16 bilhões em receita anual”, disse a CEO da Oracle, Safra Catz, no relatório para investidores divulgado pela companhia.
Crescimento parece estar vindo do novo boom de inteligência artificial (IA) e supercomputação que domina não somente o mercado da tecnologia, mas também a maioria dos setores da economia mundial. A IA pode contribuir com US$ 15,7 trilhões para a economia do mundo até 2030, segundo relatório da PwC. Já o mercado da supercomputação tem potencial de alcançar US$ 17 trilhões até 2027, conforme dados da Technavio. É nesse hype que se baseia o crescimento atual da Oracle. Greg Pavlik, vice-presidente Global de Infraestrutura de Nuvem da Oracle, disse à DINHEIRO que a utilização de IA para automação nas empresas tem sido um dos principais fatores de crescimento. “É mais barato e interessante operar e administrar esses fluxos de trabalhos mais avançados na nuvem.”

“Estamos na linha para fechar negócio com outros governos além de Porto Rico para nuvens dedicadas” Luiz Meisler Vice-presidente Latam na Oracle.
Para o executivo, a companhia tem posição estratégica excepcional na supercomputação com tecnologias de rede como RDMA, que permitem transferência hipereficiente de informações entre os processadores, possibilitando o processamento de fluxos de trabalho intensivos e em larga escala. Tal estrutura chamou a atenção da gigante Nvidia, que escolheu a Oracle como provedora de infraestrutura de nuvem para serviços de IA. Com a parceria, a Oracle será o primeiro provedor de nuvem a ofertar o DGX Cloud, plataforma promessa da Nvidia que provê acesso a ferramentas de supercomputação para trabalhar diretamente com inteligência artificial.
EXPANSÃO Apoiada nos resultados, a empresa segue os planos de expandir sua infraestrutura de nuvem na América Latina. Atualmente são dois data centers no Brasil, um no Chile e outro no México. Os dois últimos países receberão dois novos data centers e, além disso, haverá o lançamento de uma nova região de nuvem Oracle na Colômbia, em parceria com a Claro. Fora isso, o foco também tem sido em ampliar as parcerias de nuvens dedicadas, que são o caso de centros de dados para governos e bancos. Luiz Meisler, vice-presidente Executivo para a América Latina da Oracle disse que foi fechado negócio com o governo de Porto Rico. “E estamos na linha para fechar com outros governos”, afirmou à DINHEIRO.
US$ 42 bilhões foi a receita da oracle no ano fiscal de 2022, encerrado em maio de 2022.
Outro grande esforço da companhia tem sido em habilitar a computação em nuvem no setor de telecomunicações com foco no 5G. Para isso, traz para clientes como Vivo (Brasil), AT&T (México) e Claro (Colômbia), entre outros, uma política para otimizar recursos de rede e a oferta de 5G no mercado. Greg Pavlik disse que “a empresa está privilegiadamente posicionada para indústrias, principalmente no segmento 5G”. Além disso, não há no horizonte qualquer sinal de existir a diminuição da utilização de IA, supercomputação e dados em escala no mundo. É a partir desse cenário que a Oracle deve continuar a crescer e manter a liderança no segmento de nuvem de maneira expressiva nos próximos anos. E continuar na moda, como tem feito desde 1977.