A antiga tradição grega atribui ao herói Orfeu diversos dons. Ele teria sido músico, poeta, profeta e responsável por compartilhar conhecimentos que vão da medicina à agricultura. Pode não ter sido um dos deuses da mitologia, como seu suposto pai, Apolo, mas sabia encantar com as notas de sua lira. No Brasil, além de servir como nome de música e de filme, Orfeu se tornou sinônimo de cafés especiais. E tem se empenhado em estender seus domínios pelos azeites de oliva produzidos e envasados na fazenda Rainha, em Poços de Caldas (MG).

A produção teve início em 2014 e as primeiras garrafas chegaram ao mercado há dois anos. Apesar de tão recente, a marca já recebeu cerca de 60 prêmios pelo mundo.

Uma das razões para isso é a estratégia do CEO Ricardo Madureira, para quem o foco é “continuar aprendendo para tirar mais qualidade e produtividade dos 92 hectares”.

Outro motivo do sucesso é o terroir singular. O cultivo é feito em terras vulcânicas onde a altitude chega próxima a 1,6 mil metros sobre o nível do mar.

Uma combinação de clima e solo que favorece a maturação e a qualidade dos frutos. De acordo com a especialista em azeites Ana Beloto, a oliveira precisa de temperaturas bem definidas e de muitas horas de frio ao longo do ano. Por isso, locais como a Serra da Mantiqueira e o Rio Grande do Sul são os mais propícios para obter bons resultados.

Isso faz diferença em um país no qual até bem pouco tempo não havia uma produção regular de azeitonas. Como ainda hoje a colheita ocorre em baixos volumes, muitos produtores concentram seus esforços em azeites diferenciados.

“Quando a gente pensa em azeite brasileiro, pensamos automaticamente em alta qualidade.”Ana Beloto, especialista em azeites

O fato de a produção nacional representar apenas 1% do consumo, estimado em 500 ml per capita ao ano pelo Conselho Internacional da Oliva, revela o potencial de crescimento para quem produz.

Para Madureira, ampliar a penetração depende do reconhecimento e também da união de esforços.

“Nós, que produzimos azeites brasileiros de alto padrão, temos de trabalhar juntos para que o público veja que temos produtos tão bons e complexos como os melhores europeus”, afirmou o executivo.

Medalhas

Só no primeiro semestre deste ano a Orfeu Azeites Especiais recebeu oito medalhas de ouro com o rótulo Blend da Safra, cuja embalagem de 350 ml custa R$ 219.

Ela combina as variedades Koroneiki, Arbequina, Coratina, Grappolo e Picual. O produto final resulta em um azeite extravirgem de coloração verde-escura, de picância e amargor elevado, saboroso e enriquecedor ao paladar.