Você conhece a Dell além do hardware? A gigante de valor de mercado de US$ 32 bilhões, listada na Nasdaq, faturou US$ 102 bilhões no ano fiscal de 2023, com fim em janeiro deste ano. Boa parte desse volume vem de dois principais segmentos. O primeiro, de soluções para clientes (CSG), englobando desktops e notebooks, bem como periféricos, incluindo monitores e projetores ­— área que contribuiu com US$ 58 bilhões do faturamento total. Em segundo temos a área de soluções para infraestrutura, que inclui servidores, armazenamento e backup, redes, convergentes e hiperconvergentes e blocos de construção de uma TI moderna — segmentação que faturou US$ 38 bilhões. Os outros US$ 6 bilhões, têm origem em negócios menores. Em números, um ano bom, mas com crescimento de apenas 1% na receita total e uma leva de demissões, ou layoffs como é moda chamar agora, de 6,6 mil colaboradores em março deste ano (5% do quadro global).

Para o presidente da Dell Technologies para América Latina, Luis Gonçalves, a empresa passou por uma normalização de resultados em 2023, sendo que a pandemia acelerou significativamente os números nos últimos três anos. Mesmo assim, reforça alguns bons resultados como o aumento de 24% no lucro operacional, atingindo US$ 5,8 bilhões. Sobre as demissões, o executivo afirmou que “estamos dentro da normalidade, inclusive na América Latina”, disse à DINHEIRO.

A gigante americana de hardware e infraestrutura tem se transformado nas últimas décadas para diversificar as fontes de receita e abranger outras áreas como de computação em nuvem, segurança da informação, entre outras. Para isso, investiu entre o ano fiscal de 2021 a 2023 US$ 7,9 bilhões em pesquisa e desenvolvimento ­— somente em 2022 foram US$ 2,8 bilhões — resultando em 2.445 novas patentes emitidas no ano — “estamos explorando com os nossos clientes uma visão holística de ponta a ponta de todos os elementos na cadeia de produtos e serviços”, afirmou Gonçalves.

A nova Dell quer agregar um pacote de serviços coadjuvantes em toda a implementação da sua oferta de infraestrutura e hardware, visando manter as oito lideranças da qual se orgulha em colocar no seu relatório para investidores. Entre elas, ser a principal no mercado de PCs norte-americano e a liderança global em softwares de armazenamento.

6,6 mil colaboradores da dell foram demitidos em março deste ano (5% do quadro global)

US$ 102,3 bilhões foi o faturamento da dell no ano fiscal de 2023. aumento de apenas 1%

INCREMENTOS Como parte dessa estratégia, adicionou neste ano novos serviços e soluções ao seu portfólio de segurança. Na lista, soluções para proteção de infraestrutura de TI, software, hardware e nuvens; nova plataforma de gerenciamento de ameaças; proteção de hardware em PCs comerciais e ferramenta de proteção contra ataques cibernéticos que permite às organizações protegerem dados essenciais e manter a continuidade dos negócios. “Adotamos com nossos clientes uma filosofia Zero Trust [zero confiança]”, disse Gonçalves, “significa assumir que você nunca está seguro e que sempre há a possibilidade de ser atacado”.

Além da segurança, a companhia também investe em infraestrutura de servidores de computação de alto desempenho, ou supercomputação. Em parceria com outras duas gigantes, Intel e Nvidia, a Dell trouxe inovações para seu portfólio de servidores Dell PowerEdge, acelerando os resultados desses equipamentos com uso intensivo de inteligência artificial (IA). São três novas máquinas lançadas em dezembro de 2022 que focam em cargas de trabalho de computação avançada como inteligência artificial (IA), Data Analytics, modelagem e simulação que são fontes importantes de vantagem competitiva para muitas empresas. “Toda a plataforma de 5G e edge são soluções que exploramos especialmente no Brasil por conta da nossa fábrica”, afirmou. “A gente consegue um ambiente mais controlado para testar as soluções e exibir para os clientes”. Apostando em tendências importantes e em um crescimento comedido, a Dell parece ter um bom planejamento para voltar a atingir números expressivos de crescimento.