22/02/2013 - 22:00
O time de atletas patrocinados pela americana Nike, maior empresa de artigos esportivos do mundo, é invejável. Entre os esportistas estão ícones de suas modalidades, como os tenistas Roger Federer e Rafael Nadal, o jogador de basquete Lebron James e o craque de futebol Cristiano Ronaldo. A atual fase dessa estrelada equipe, no entanto, não é das melhores. No dia 14 de fevereiro, o velocista paralímpico sul-africano, Oscar Pistorius, que entrou para a história como o primeiro atleta amputado a competir numa Olímpiada, foi preso, acusado de assassinar a tiros a namorada Reeva Steenkamp, encontrada morta no banheiro de sua casa em Pretória, na África do Sul. A Nike era a principal patrocinadora de Pistorius, com um contrato de US$ 2 milhões anuais.
Atrás das grades: se for considerado culpado pela morte
da namorada, Pistorius pode pegar a pena de prisão perpétua
Na terça-feira 19, a empresa anunciou o rompimento do acordo. Além disso, recolheu de todas as mídias uma campanha na qual ironicamente o define como “uma bala no cano da arma”. A marca de óculos Oakley também retirou o apoio ao velocista, que conta, ainda, com patrocínios da operadora British Telecom, da empresa de perfumes Thierry Mugler e da fabricante de pernas mecânicas Ossur. Caso seja condenado, Pistorius pode pegar a pena de prisão perpétua. Esse foi o segundo escândalo recente envolvendo atletas da Nike. Em janeiro, o ciclista americano Lance Armstrong confessou ter usado substâncias ilegais diversas vezes. Em agosto do ano passado, ele foi banido do esporte. Com a confissão, Armstrong, que até então fora considerado o maior ciclista de todos os tempos (foi vencedor por sete vezes da Volta da França), deixou a empresa em uma posição delicada.
Mesmo depois de seus títulos terem sido cassados, a Nike se manteve ao lado de Armstrong e só rompeu o apoio em outubro, quando os argumentos de defesa já estavam esgotados. A Nike, que no ano passado faturou US$ 24,1 bilhões, investiu cerca de US$ 800 milhões em seus garotos-propaganda. Escândalos como os de Armstrong e Pistorius mostram o risco que as marcas correm ao patrocinarem ídolos que, ao fim e ao cabo, são apenas humanos. “Ao patrocinar um atleta, a empresa atrela sua imagem ao desempenho profissional e também à conduta do esportista como cidadão”, afirma Thiago Scuro, professor de gestão de marketing esportivo na Trevisan Escola de Negócios. “Existe um grande investimento para construir um ídolo e, no caso de Pistorius, esse processo foi totalmente rompido.”