02/09/2022 - 5:10
A retomada do mercado mundial de aviação alcançou em junho 70,8% dos níveis de 2019, na pré-pandemia, segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Diante da perspectiva de manutenção do crescimento durante 2022, as companhias aéreas, sejam elas nacionais ou estrangeiras, têm buscado diferentes estratégias para ampliar a receita. As iniciativas incluem principalmente o aumento do número de voos de passageiros e de cargas para destinos internacionais ou mesmo para trechos domésticos. A Taag Linhas Áereas Angolanas é um exemplo. Até o fim deste ano, pretende ampliar para cinco a frequência de voos semanais entre o Brasil e Luanda, capital de Angola, e de quatro para 16 o total de voos por semana da divisão de carga entre o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e a China. “A ideia é transformar Guarulhos no ponto de entrada principal. E há o interesse também de ligar outras cidades do Brasil com a China”, afirmou na segunda-feira (29) Eduardo Fairen Soria, CEO da Taag, ao apresentar os planos de crescimento da empresa.
Fairen esteve no Brasil acompanhado pela diretora executiva para a área comercial da Taag, Lisa McNally. O objetivo da viagem foi participar de reuniões com parceiros e discutir projetos comerciais. O País é um hub estratégico para a companhia em referência à mobilidade entre a América Latina e a Europa, via Angola. “Essa conexão permite a realização de trocas culturais e econômicas”, disse Fairen. O plano de crescimento também visa impulsionar as economias de países emergentes que integram o Brics.
O executivo pretende tirar proveito do fato de, como diz, Angola ser a distância mais curta entre a China e a América do Sul, para incrementar os negócios, com destaque para a divisão de cargas. O transporte de mercadorias se tornou importante aliado das companhias aéreas durante 2020 e 2021 frente à queda acentuada do tráfego de passageiros em razão das restrições de circulação pela pandemia. As aeronaves foram usadas inicialmente para o transporte de vacinas e depois para cargas de todo tipo, principalmente as provenientes do comércio eletrônico, setor que disparou no último biênio.
A empresa angolana, fundada em 1938, operava sete frequências de cargas semanais para a China, mas viu os negócios desacelerarem. A aposta agora segue na demanda do comércio eletrônico e em parcerias, como a de US$ 200 milhões anunciada em junho com o grupo chinês Lucky Aviation, para o transporte intercontinental de carga. “E queremos ampliar a receita no trecho entre o Brasil e Angola”, disse Fairen, ao destacar que os aviões que trazem produtos costumam ficar mais cheios na rota entre a África e o Brasil.
A Taag opera dois aviões na divisão de cargas e até 2023 deve receber outros seis modelos 777. Apenas em 2022, a empresa transportou mais de 1 mil toneladas de produtos ao Brasil provenientes da China. O volume é 100% maior do que o registrado no período pré-pandêmico. De 2019 até agora, o total atingiu 4,1 mil toneladas. Se levada em conta a taxa de ocupação das aeronaves – com cargas ou passageiros – em 2022 o crescimento foi de 34% na comparação com 2019.
PASSAGEIROS A Taag realiza três voos semanais entre o Brasil e Angola. A partir de 5 de novembro, serão quatro com a previsão de chegar a cinco até o fim do ano. A decisão é motivada pelo aumento da demanda entre os dois países com a retomada do turismo. “Alcançamos 60% do movimento de antes da pandemia e a expectativa é de ampliar esse crescimento”, disse o CEO. A companhia aposta inicialmente na expansão da frota das atuais 24 aeronaves para 38 em médio prazo. O objetivo é alcançar o total de 52 aviões até 2026.
Segundo a executiva Lisa McNally, a Taag pretende oferecer às pessoas todas as experiências ao visitar a África, seja a negócios, seja apenas para se aventurar. “As trocas comerciais entre o Brasil e Angola aumentaram, assim como as demandas por lazer e turismo”, afirmou. “Por isso aumentamos a frequência de voos entre São Paulo e Luanda.” A ampliação das rotas e do número de aviões implica na formação de pessoas para integrar o quadro de colaboradores, inicialmente como pilotos, engenheiros ligados ao setor e matemáticos. Um sinal de que a Taag já começa a ganhar altitude de cruzeiro após enfrentar período de turbulências.