26/08/2022 - 1:00
Quando lançou sua experiência Around the World a bordo de um jato privativo, em 2014, a agência brasileira Latitudes fez questão de deixar claro que aquela seria uma viagem de conhecimento, como sustenta a assinatura que a acompanha desde que surgiu, 11 anos antes. Pioneira na formação de grupos voltados para jornadas temáticas conduzidas por especialistas em diferentes campos do saber (de ioga a vinhos), a operadora criada pelo empresário Alexandre Cymbalista estabeleceu como tema de sua primeira volta ao mundo A Origem do Homem e seus Deuses. O assunto foi explorado tanto nos destinos visitados quanto em palestras conduzidas durante os trechos de voo pelo historiador Leandro Karnal e pelo fotógrafo da National Geographic Adriano Gambarini, autor de 18 livros. De lá para cá, o conceito de viagens de conhecimento foi se expandindo, dentro e fora da Latitudes. Mas o foco da agência continua o mesmo: “oferecer o que nós temos de competência e abordar temas cuja compreensão se beneficia do contato direto com povos e locais de difícil acesso”, afirmou Cymbalista à DINHEIRO.
Em outubro de 2023, quando decolar de São Paulo para sua próxima volta ao mundo, com paradas em oito países de cinco continentes, o Boeing 757-200 privativo da Latitudes terá 50 passageiros, muitas mordomias e um propósito central: conectar antigas civilizações à geopolítica atual. “Desenvolvemos essa rota com o Fronteiras do Pensamento a partir da história dos descobrimentos e de temas contemporâneos, como o fato de o polo econômico estar se deslocando para a Ásia”, disse o CEO da empresa. A última parada será na Espanha, país que teve papel decisivo nas grandes navegações e que deu origem à globalização.
Ainda que o conhecimento seja a assinatura da Latitudes, ela não despreza de forma alguma o que fez o sucesso de seu principal concorrente, o Four Seasons Private Jet, lançado um ano antes e com muitas características semelhantes, especialmente no que se refere ao luxo. Dos nove hotéis em que os passageiros da volta ao mundo ficarão hospedados, dois pertencem à rede Four Seasons: o de Sydney, na Austrália; e o de Serengeti, na Tanzânia. As outras paradas serão na Ilha de Páscoa (Chile), Fiji, Indonésia, Índia, Arábia Saudita e Granada (Espanha). Em São Paulo, a hospedagem é no Palácio Tangará.
Outro ponto em comum das duas experiências está nas surpresas, sobretudo de caráter cultural. O Four Seasons, que também faz escala na capital australiana, fechou a belíssima Ópera de Sydney para uma apresentação exclusiva. Em 2018, quando foi feita a última volta ao mundo da Latitudes, o teatro grego de Taormina, na Sicília, abrigou um concerto ao ar livre com três tenores apenas para o grupo brasileiro. “Foi algo que marcou a vida das pessoas que estavam ali”, disse Cymbalista. Para ele, viagens assim são um convite para “celebrar a vida”, ao mesmo tempo que abrem a possibilidade de reflexão para compreender o mundo e o lugar que nós ocupamos nele.
As semelhanças entre as duas propostas incluem facilidades fast track em aeroportos (sem filas de espera), equipes dedicadas à logística e segurança das bagagens (que não precisam ser carregadas pelos passageiros), médico a bordo e alta gastronomia. O tipo de público também é parecido, com uma exceção: por ser mais orientado para a aventura, o Four Seasons oferece uma viagem para famílias com crianças, algo que não faz parte dos planos da Latitudes. Segundo o presidente de operações globais do Four Seasons Hotels and Resorts, Christian Clerc, a abertura para um público mais amplo foi decidida a partir de uma demanda dos passageiros. “O feedback dos nossos clientes continua a direcionar a experiência a bordo do Four Seasons Private Jet, desde o design do novo avião à inclusão de roteiros mais curtos”, afirmou. A partir deste ano, os voos são no novo Airbus A321neo-LR, totalmente customizado segundo especificações da empresa com base em solicitações de clientes que estiveram em viagens anteriores. A inclusão de um bar é uma delas.
SAMURAI Quanto aos destinos mais curtos, além da volta ao mundo, estão disponíveis roteiros como o inédito Revelações da Ásia (janeiro de 2024), que inclui rafting em desfiladeiros em Bali, aula particular com samurai em Tóquio, safári de tartaruga nas Maldivas, e trilha até o monastério Ninho do Tigre no Butão.
Para quem não quer aguardar as datas de 2024, ainda há disponibilidade em alguns roteiros para 2023, caso de African Wonders e de World of Adventures (que inclui Bali, Seychelles, Marrakech e Ilhas Galápagos, entre outras escalas). Os preços são sob consulta. Na volta ao mundo da Four Seasons, que terá um novo roteiro no segundo semestre de 2024, o investimento beira US$ 200 mil por pessoa. Na Latitudes, custa US$ 148 mil.