09/05/2014 - 20:00
A Copa do Mundo no Brasil está às portas. Faltando poucas semanas para o início do evento, no dia 12 de junho, as prometidas expansões e o aprimoramento dos aeroportos brasileiros vieram a conta-gotas, assim como a privatização de alguns deles. Mas, pelo menos, alguns setores ganharão nos próximos anos com a evolução, mesmo que lenta, da infraestrutura aeronáutica brasileira. O setor hoteleiro está se preparando para instalar quartos dentro dos aeroportos reformulados, uma tendência que ainda não havia chegado ao Brasil. O setor já sabe como explorar o entorno desses locais, mas apenas os aeroportos do Galeão e de Brasília contam com hotéis internos em funcionamento.
Isso vai mudar rapidamente. A Infraero já realizou licitações para a construção de hotéis em cinco aeroportos e preparou estudos para dobrar esse número. Pegando carona no negócio de hospedagem, algumas construtoras também ganharão com esse movimento.
A curitibana Skipton é uma delas. Fundada em Curitiba em 1999, especializada na incorporação de shopping centers, a empresa – que deve seu nome à cidade da Inglaterra, famosa por abrigar um castelo normando – ainda é uma ilustre desconhecida fora desse mercado. Mesmo assim, foi escolhida para ser uma das principais responsáveis pela chegada da bandeira de hotéis Wyndham ao País, ligada ao grupo americano Wyndham Worldwide, dono da maior rede hoteleira do mundo, que tem em seu porftfólio as marcas Ramada, Days Inn e Tryp by Wyndham.
Trata-se de uma das poucas forças da hotelaria mundial sem presença no Brasil. Isso também deverá mudar rapidamente. A Skipton está realizando o projeto de incorporação, desenvolvimento arquitetônico e administração de hotéis Wyndham integrados aos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e de Viracopos, em Campinas. Ao todo, serão construídos 800 quartos, com investimento de R$ 240 milhões. “Por serem todos estatais até pouco tempo, os aeroportos compõem um grande nicho de mercado ainda pouco explorado pela hotelaria no Brasil”, afirma o sócio e diretor-executivo da Skipton, Júlio César Algeri. “Diferentemente dos órgãos públicos, os concessionários de aeroportos privados fazem questão que o passageiro fique por perto. Afinal, ele paga taxas, faz compras e usa o estacionamento.”
Em Cumbica, haverá um hotel cinco-estrelas, o primeiro a levar a marca de luxo Wyndham Grand Collection no Brasil. O projeto terá duas operações. A primeira ficará dentro do Terminal 3 – inaugurado no domingo 10 –, para atender os passageiros em conexão sem que eles precisem passar pela alfândega. A segunda estará anexada ao terminal. Já em Viracopos houve estudos para se construir também um hotel de luxo, mas a opção foi pela bandeira Tryp by Wyndham, de médio padrão. A inauguração está prometida para 2017. “Com esses projetos e mais outros três hotéis próprios e dois shoppings em desenvolvimento no Tocantins, devemos chegar a um valor geral de vendas de R$ 250 milhões”, diz o diretor-financeiro, Luiz Carlos de Pauli.
A responsável pela contratação da Skipton foi a Venture Capital Investments Group (VCI), a joint venture entre o grupo Fisa, consultoria e incorporadora de São Paulo, e a capixaba Valor Finanças Corporativas. A VCI venceu as licitações para operar os hotéis aeroportuários em Cumbica e Viracopos. Mas ela não está sozinha nesse novo mercado. Controlada pelo fundador da agência de viagens CVC, Guilherme Paulus, a GJP Hotels & Resorts administra o hotel do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e vai instalar unidades nos aeroportos de Vitória, Santos Dumont, no Rio, e em Confins, em Belo Horizonte.
Para garantir tudo isso, desembolsará R$ 155 milhões. A GJP foi uma das cinco rivais da parceria Wyndham-Skipton-VCI pela licença para construir em Guarulhos. É fácil entender por que tantos empresários estão embarcando nesse novo negócio. “Em hotéis próximos a aeroportos, é possível ter uma taxa de ocupação de mais 100%”, diz Amilcar Mielmiczuk, sócio e diretor de desenvolvimento da mineira Vert Hotéis, que mantém parceria com o grupo Wyndham para operar as bandeiras Ramada e Days Inn no Brasil. “Uma tripulação chega de manhã, outra à tarde, e o mesmo quarto é ocupado duas vezes.” Como se não bastasse, o custo de construção é mais baixo do que o de um hotel comum. Por se tratar de uma concessão em um terreno aeroportuário, os operadores não precisam comprar a área.