12/11/2021 - 12:30
Um novo instrumento financeiro, os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), vai funcionar como uma estrada que liga o agronegócio à Avenida Faria Lima, símbolo do mercado de capitais. O campo tem sido fértil em lucros. O setor cresceu 24% em 2020, ano em que a economia encolheu 4,1%. Por meio dos Fiagro, os investidores poderão aproveitar essa prosperidade e os empresários terão acesso a recursos além do escasso crédito público.
Os Fiagro são semelhantes aos fundos imobiliários e oferecem ao investidor isenção de imposto sobre os rendimentos. Há muitas possibilidades. Podem comprar recebíveis, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), podem financiar a produção por meio das Cédulas do Produtor Rural (CPR) e podem investir diretamente na atividade, tornando mais fácil para o investidor participar dos ganhos do setor. A saca do café, por exemplo, subiu de R$ 350 para R$ 850 em um ano. “Isso abre um universo para o agronegócio, que sempre teve dificuldades de conversar com o mercado de capitais”, disse o diretor da Suno Asset, Vitor Duarte. “O Fiagro vai demorar menos que os fundos imobiliários para ter uma boa base de investidores, pois os preços das commodities variam com o dólar, e a rentabilidade para o investidor é boa mesmo em momentos de dificuldades como o de agora.”

“O Fiagro abre um universo para o agronegócio, que sempre teve dificuldades de conversar com o mercado de capitais” Vitor Duarte da Suno Investimentos.
MAIS ACESSÍVEIS Mesmo tendo sido regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários em julho, já há 27 deles em funcionamento, com um patrimônio de R$ 3 bilhões. Essa cifra não se compara ao total de R$ 332 bilhões em empréstimos rurais concedidos em setembro. No entanto, uma estimativa da XP Investimentos é que o patrimônio total chegue a R$ 75 bilhões até 2025. A negociação das cotas na B3 vai ajudar a tornar essas carteiras tão acessíveis quanto as ações. No dia 14 de outubro, começaram as negociações com as cotas do fundo Riza Agro-Fiagro Imobiliário, gerido pela Riza Asset, que permite o investimento em imóveis rurais.
R$ 75 bi é o potencial de captação de recursos pelo fiagro até 2025
A novidade beneficia os empresários do setor. Os de menor porte contam basicamente o crédito subsidiado do Plano Safra, que vem crescendo, mas aquém do que é necessário. “A alta das commodities elevou os preços dos insumos, principalmente os fertilizantes”, disse Duarte. “Só para satisfazer as demandas de capital de giro, os produtores precisariam de 30% a mais do que o governo ofereceu no Plano Safra.” Os empresários mais parrudos conseguem um dinheiro extra com os CRA e as CPR, mas o Fiagro amplia o funding para todos. “Ele permite que uma quantidade maior de produtores acesse o mercado financeiro sem passar pelos bancos”, disse o sócio-diretor da Brasil Distressed, Márcio Fujita. “Isso é algo novo para o mercado brasileiro e pode mudar o jogo.”