No futuro, os gestores de fundos de ações vão relembrar 2015 como o ano que não deveria ter existido. A turbulência política, a desaceleração da economia e o fim do ciclo de juros baixos nos Estados Unidos cobraram caro das ações brasileiras. A parte mais importante do trabalho do gestor é tentar antecipar esses movimentos. Porém, poucos tiveram sucesso. Para elaborar esta edição do Onde Investir em 2016, DINHEIRO analisou 394 fundos de ações abertos, não-exclusivos, com patrimônio líquido médio superior a R$ 1 milhão e pelo menos 50 investidores. E o resultado foi decepcionante. Apenas 42 deles, 10,7% do total, conseguiu não perder dinheiro nos 12 meses findos em 30 de novembro.

E um grupo ainda menor, 18 carteiras, ou 4,5%, conseguiu superar os ganhos da renda fixa. Assim, na ponta do lápis, apenas 1 em cada 19 fundos ofereceu ao investidor um ganho superior aos juros. Eis o porquê de as carteiras escolhidas nesta reportagem terem sido analisadas tendo em vista sua rentabilidade. Em geral, são escolhidos os fundos com a melhor relação entre risco e retorno, medida pelo Índice de Sharpe. Esse índice, desenvolvido pelo prêmio Nobel de economia William Sharpe, compara o ganho de uma carteira com o de um ativo livre de risco, no caso, os juros medidos pelo CDI.

Os melhores fundos de ações têm algo em comum. Sem exceção, eles investiram em certificados de ações americanas negociados na Bolsa brasileira. O destaque foram duas carteiras geridas pela empresa de administração de recursos do Banco Safra, que apostaram em papéis ligados ao consumo interno dos Estados Unidos. Já no mercado brasileiro, o melhor dos fundos ligados ao índice Bovespa apresentou uma perda nominal de 2,8%. O cenário não deve mudar muito em 2016, devido, principalmente, aos prognósticos ruins para a economia, que afetam as expectativas em relação às empresas.

Segundo Carlos Constantini, estrategista-chefe de ações do banco Itaú BBA, apesar de as ações virem caindo consistentemente de preço desde o segundo trimestre de 2015, não é possível dizer que elas estão baratas. Um dos principais indicadores é a relação entre preço e lucro, que mostra em quanto tempo os lucros esperados da empresa vão devolver ao investidor todo o dinheiro aplicado. “Apesar de os preços estarem caindo, os lucros das empresas também estão encolhendo, o que faz com que os papéis não fiquem mais baratos em termos relativos”, diz ele.

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