06/02/2013 - 21:00
Desde que o soviético Yuri Gagarin “passeou” em volta da Terra, as viagens espaciais nunca saíram da agenda das grandes potências. Até mesmo países emergentes, como o Brasil e a China, vêm fazendo esforços nessa direção. Só que, agora, a conquista do espaço está despertando, também, a cobiça de empreendedores privados dispostos a ocupar o vácuo deixado pelo fim do programa de ônibus espaciais da Nasa, a agência espacial americana. Uma das que acabam de ingressar nesse filão é a Golden Spike, start-up baseada na Califórnia, que reúne parte da nata dos engenheiros da Nasa.
Até 2020, eles esperam despachar um foguete à Lua. O custo estimado da missão, US$ 8 bilhões, parece não assustar os cientistas nem os gestores da empresa. “Para viabilizar nossos lançamentos estamos fechando acordos operacionais com empresas privadas e até governos”, disse à DINHEIRO Bobby Block, integrante do conselho consultivo da Golden Spike. Interessados, de fato, aparentemente não faltam. Que o diga o empresário sul-africano Elon Musk, cofundador do PayPal, sistema de pagamento eletrônico, e da Tesla, que fabrica carros superesportivos elétricos.
Em outubro do ano passado, sua SpaceX fez o primeiro transporte privado de carga para a Estação Espacial Internacional (ISS), a pedido da Nasa. A viagem do foguete Dragon rendeu US$ 1,5 bilhão, e Musk já possui contratos assinados com empresas privadas e com a própria Nasa, que somam US$ 4 bilhões. Esse tipo de iniciativa só se tornou possível porque a tecnologia envolvendo a corrida espacial – desde o acesso às matérias-primas até os projetos – deixou de ser classificada como segredo de Estado e se tornou praticamente uma commodity, disponível na “prateleira” dos grandes fabricantes de produtos aeronáuticos.
Bobby Block, da Golden Spike, diz que investidores e potenciais clientes
já toparam aplicar US$ 8 bilhões na empreitada
“Projetos privados, como o da SpaceX e da Golden Spike têm enorme potencial de sucesso”, disse à DINHEIRO o consultor americano Richard David, presidente da NewSpace Global Analysts, baseada em Nova York. A Golden Spike é encarada por David, da NewSpace Global, como uma das grandes promessas do setor. Seu prestígio se deve ao fato de a start-up ser composta por cientistas do calibre de Gerry Griffin, chefe do programa Apollo, e Alan Stern, chefe de todas as missões da Nasa, além de egressos da SpaceX, como o próprio Block, que cuidava da área de marketing e comunicação da empresa de Elon Musk.
A diferença de estratégia entre a Golden Spike e as competidoras – incluindo a Virgin Galactic, do bilionário britânico Richard Branson, e outros que já começaram a vender voos turísticos no espaço suborbital – é a possibilidade de pisar no solo lunar. Mas, certamente, trata-se de um luxo acessível a poucos. A estimativa inicial é de que cada assento na espaçonave da Golden Spike custará US$ 750 milhões, enquanto um bilhete para embarcar na Virgen Galactic está cotado em US$ 200 mil. Na visão de Block, todos esses projetos reforçam a estratégia da Golden Spike. “Quem for à órbita da Terra certamente terá interesse em dar um passo além”, afirma Block. “E nós estamos trabalhando duro para poder atendê-los.”