10/10/2014 - 20:00
Poucos setores da economia brasileira receberam, nos últimos 15 anos, tantos investimentos – nacionais e estrangeiros – como o de cafeterias. Vale relembrar. Em 2000, o McDonald’s lançou o McCafé. Seis anos depois, a gigante Starbucks, a número 1 do ramo no mundo, abriu sua primeira loja em São Paulo, e hoje opera 89 unidades no País. No ano passado, a rede americana Dukin’Donuts, famosa pelas rosquinhas, anunciou sua volta ao Brasil. As brasileiras Kopenhagen e Viena também partiram para o ataque, com lojas próprias, franquias e quiosques em shoppings.
Resultado: hoje o Brasil é o segundo no ranking global de consumo e de casas especializadas em café, com 3,5 mil estabelecimentos. Perde apenas para os Estados Unidos, onde existem mais de 30 mil das chamadas coffee shops. Diante desse cenário de competição acirrada, a rede de cafeterias paulistana Rei do Mate – com 340 lojas e faturamento de R$ 230 milhões no ano passado, um crescimento de 17% na comparação com 2013 – elaborou uma nova fórmula de negócio para continuar crescendo. Sob o comando do empresário Antonio Carlos Nasraui, filho do fundador Kalil Nasraui, a empresa decidiu correr por fora e implementar uma série de ações que incluem desde investimento em produtos gourmet até participação em filmes nacionais.
“Queremos manter a marca jovem e relevante”, diz o executivo. Além das iniciativas de marketing, a Rei do Mate também mudou da porta para dentro. O ambiente das lojas foi reformulado e os cardápios refinados, com a contratação do chef francês Emmanuel Bassoleil, e os copos de plástico foram substituídos por peças de papel, de olho no consumidor que valoriza iniciativas sustentáveis. Além disso, Nasraui fechou parceria com artistas como Romero Brito e o falecido Gustavo Rosa, que criaram embalagens estilizadas para a empresa. “Eles são reconhecidos como uma empresa inovadora dentro do mercado de alimentação”, afirma Lyana Bittencourt, diretora da consultoria Grupo Bittencourt.
“A Rei do Mate é um exemplo de rede dinâmica, que não se acomoda diante do aumento da concorrência”, diz Luis Henrique Stockler, diretor da consultoria BA Stockler. A ofensiva da Rei do Mate na sétima arte segue o exemplo de seus concorrentes, que frequentemente fazem suas marcas aparecerem nas produções de Hollywood. A ideia é participar do cinema nacional, fortalecendo sua marca como uma empresa 100% brasileira. A parceria já foi feita em quatro filmes, entre eles “Crô” e “Mato sem Cachorro”. Outros dois longas-metragens com o apoio da empresa devem estrear neste e no próximo ano. “É um investimento de longo prazo, mas já percebemos que tem gerado bons resultados”, afirma Nasraui.