11/07/2012 - 21:00
Tecnologia. Esse é o ingrediente que será usado em abundância na receita preparada por Rômulo Dias, presidente da processadora de cartões Cielo, para aumentar a fidelidade dos comerciantes que realizam transações em suas máquinas e também para crescer nos novos mercados de pagamentos. A empresa anunciou na segunda-feira 2 a aquisição, por US$ 670 milhões, de 100% do capital da adquirente americana Merchant e-Solutions (MeS). A companhia tem cerca de 70 mil varejistas americanos afiliados e processa US$ 14 bilhões em transações por ano. Seus números são modestos quando comparados com os 1,2 milhão de varejistas cadastrados pela Cielo, que movimentaram US$ 44 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2012.
Rômulo dias, CEO da Cielo: três anos e US$ 70 milhões
em investimento para adaptar os sistemas
da MeS ao Brasil.
O valor da aquisição foi calculado por um múltiplo de 11 vezes o valor de mercado da MeS sobre a geração de caixa prevista para 2012. A primeira reação do mercado foi negativa. As ações da Cielo fecharam com uma leve queda no dia do anúncio, mas recuperaram-se nos dois pregões seguintes. A compra será paga em caixa e com a antecipação de recebíveis dos varejistas. Por que desembolsar tanta moeda sonante por uma empresa menor e sem nenhuma atuação no mercado brasileiro? A resposta está na localização da MeS. Sediada no Vale do Silício, berço de empresas como Apple e Oracle, a companhia deverá ser uma maneira de a Cielo acelerar no principal campo de batalha entre as processadoras de transações, que é como capturar mais negócios com as famosas maquininhas e, principalmente, fora delas.
A principal vantagem da MeS é a localização, em pleno vale do silício.
A MeS, fundada no ano 2000, é uma das líderes de mercado em transações virtuais nos Estados Unidos, que representam 54% de seu faturamento. Mais da metade dos produtos que ela oferece são sistemas para processar pagamentos sem a intermediação das maquininhas, mas sim usando tablets e smartphones equipados com os principais sistemas operacionais – Blackberry, Android e Apple. Outro ponto importante é processar as transações realizadas por empresas que operam por meio das redes sociais. Todas essas novidades vão demorar um pouco para desembarcar por aqui.
A Cielo não deu estimativas sobre a economia de custos ou ganhos de sinergia que a compra traria. Dias limitou-se a dizer que os primeiros benefícios da aquisição devem ser sentidos pelos clientes no ano que vem. “Em até três anos, o gerente de uma rede de lojas no Brasil poderá consultar as vendas a cada 15 segundos”, afirma Dias, que informou que a Cielo vai investir US$ 70 milhões para adaptar os produtos ao Brasil. No entanto, quem acompanha o mercado de perto sabe que essa aquisição vai acelerar a briga pelo negócio dos pagamentos por meio de dispositivos móveis, cujo crescimento é exponencial.