Na quarta-feira 9, a HP realizará um evento em São Francisco, na Califórnia (EUA), para apresentar novos produtos. Os analistas americanos de tecnologia dão como certo que será lançado na ocasião o primeiro grande filhote desenvolvido em conjunto com a Palm – a criadora do Palmtop, sinônimo de computador de mão nos anos 1990 –, adquirida pela HP em abril do ano passado. A aposta geral é de que será anunciado um tablet que rodará com o sistema operacional WebOs, desenvolvido pela Palm. Trata-se de um fato novo que deverá  movimentar o cobiçado mercado de tablets. Hoje dominado pela Apple,  com o seu iPad, o setor recentemente viu a chegada de vários novos concorrentes, como o Samsung Galaxy Tab, entre outros. 

 

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Nova fronteira: suposta imagem do tablet da HP com a Palm vazou na internet

 

A investida nessa área representaria para a HP a tentativa de redefinir seu papel no mercado de consumo, ingressando num dos segmentos mais promissores da tecnologia. Para a Palm, seria a chance de voltar a brilhar depois de perder o passo da inovação na última década. 

 

Há outro ingrediente que aguça a curiosidade em relação ao anúncio que será feito. Será a primeira grande ação do novo CEO da HP, Leo Apoetheker, que assumiu o cargo em setembro do ano passado. O momento não poderia ser mais decisivo. 

 

Com a chegada dos tablets, os computadores pessoais perderam o posto de protagonistas da computação. A tendência já se reflete nos números. Enquanto as vendas de computadores crescem menos do que o esperado, as de tablets devem saltar de 19 milhões de unidades em 2010 para 208 milhões de unidades em 2014, segundo a consultoria Gartner. 

 

Esse cenário acendeu o sinal de alerta para as empresas que fabricam essencialmente computadores, como a HP. A saída é inovar, mas isso não é fácil. “A maioria das empresas de tecnologia tem dificuldades para lançar tendências hoje em dia, e por isso tendem apenas a seguir a Apple”, afirma Rob Enderle, principal analista do Enderle Group, consultoria norte-americana que atua no setor de tecnologia.

 

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No caso da Palm, o sopro de inovação atende pelo nome de WebOs. Seu sistema operacional para smartphones é considerado por muitos especialistas como melhor que o iOS, da Apple, utilizado no iPhone e no iPad. 

 

Neste campo, aliás, está um dos pilares da estratégia bem-sucedida de Jobs, porque um bom sistema operacional torna o smartphone e tablet mais fáceis de ser utilizados mesmo por quem é leigo em computadores. 

 

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No cargo desde setembro, o presidente da HP passará por seu primeiro grande teste

 

Para realmente incomodar a Apple, no entanto, a HP terá de superar o desafio de vender bastante. E rápido. Isso porque só com uma grande base de clientes a empresa vai conquistar os desenvolvedores de aplicativos, profissionais ou empresas responsáveis pelos programas de computador que rodam em smartphones e tablets. 

 

Ter uma vasta gama de aplicativos é fundamental para alcançar o sucesso nos segmentos de produtos móveis. Esse é outro ponto forte da Apple. “Só vale a pena desenvolver aplicativos para um sistema que tenha usuários qualificados e em grande número”, diz Pedro Nunes, CEO da brasileira MobMídia, a que produz aplicativos para smartphones.