Não tem segredo. Diante das incertezas nos cenários interno e externo, dez em cada dez gestores de recursos recomendam a renda fixa, ainda mais no cenário nebuloso e potencialmente turbulento de 2016. Nessa modalidade, os fundos têm se destacado como uma forma eficiente de proteger seu patrimônio das oscilações econômicas, e ainda garantir uma boa rentabilidade. Esse movimento de migração para a renda fixa foi visto durante todo o ano.

“Foi um ano atípico, marcado pela alta na taxa de juros e forte aversão ao risco”, diz Carlos Massaru, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “O investidor, especialmente o do varejo, viu nos fundos mais conservadores uma opção competitiva e segura.” Segundo dados da Anbima, até novembro, apenas três categorias de fundos, todos de renda fixa (simples, duração baixa soberano e duração baixa grau de investimento) possuíam captação líquida positiva em 2015.

No mesmo período, a rentabilidade nominal média dos fundos de renda fixa estava em 11%, superada apenas pelos fundos cambiais. O rebaixamento da classificação de risco do País pelas agências Standard & Poor’ e Fitch, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a alta da inflação e, principalmente, a expectativa de alta da taxa Selic, atualmente em 14,25%, são alguns dos fatores que contribuem para tornar os fundos de renda fixa ainda mais atrativos. Esse elevado grau de incertezas leva os gestores a recomendarem cautela, fazendo dessa modalidade uma das mais procuradas.

Um estudo feito pela assessoria de investimentos carioca FN Capital, com 750 investidores que aplicam exclusivamente em renda fixa, mostra que 93% deles estão obtendo uma rentabilidade acima de 1% ao mês. Em outubro, a Anbima mudou a forma de classificar os fundos de renda fixa, para um sistema baseado no prazo médio dos títulos em carteira. Os antigos fundos de curto prazo e DI, que acompanham a taxa de juros, por exemplo, foram enquadrados na categoria duração baixa. É nela que se encontram 48,4% do patrimônio da categoria. Os fundos de curta duração devem continuar no topo da preferência dos investidores para 2016.

Ainda que as aplicações de mais longo prazo apresentem taxas de retorno mais elevadas, os fundos de duração baixa refletem com mais precisão o cenário, já que os longos tendem a oscilar mais. O conservadorismo é a tônica, também, nos perfis dos fundos de renda fixa mais procurados. Mais de 60% do patrimônio está alocado em aplicações na subcategoria grau de investimento, que engloba fundos que investem no mínimo 80% da carteira em títulos públicos federais. Em um cenário no qual a única certeza é que as incertezas vão continuar ao longo do ano, trata-se de um movimento natural dos investidores.

—–
Confira as demais matérias do Especial – Onde investir em 2016:

Em busca do pódio
Braçada incerta
Na mira dos estrangeiros
Nem tudo reluz
Acerte no alvo
Equilíbrio à prova
Salto sobre a crise
Tiro incerto
Corrida de longa distância
Para os fortes